Por Paula Aftimus
Para muita gente, economia é algo chato e distante demais do dia a dia para sequer tentar entendê-la. Números, estatísticas, fórmulas e siglas parecem mais códigos secretos do governo do que propriamente símbolos usados para melhor compreender nossa realidade. Pode-se até relacionar a economia com os R$ 10 que antes pagavam pelo cinema e por um lanche do McDonald’s e hoje não bancam nem o filme. Dinheiro, economia... a afinidade é mais clara. Mas e o fato daquele ator americano vir ao país promover uma trama que foi gravada no Japão e no México? Pois trata-se de uma questão econômica também. O Brasil não passou a integrar o roteiro desses "astros" por conta dos “fãs calorosos”, mas da importância que vem ganhando na economia mundial. Tudo isso para destacar que a economia é, antes de mais nada, uma ciência social– e vai muito além dos muros da Bovespa. Como bem disse o economista Celso Furtado, “a economia existe para o homem, não o homem para a economia”.
E então pegamos textos como o Perdedores Globais, de Robert Kurz, que fala sobre a globalização. Nas palavras dele: “embora nossas idéias sociais e nossos ‘sentimentos políticos’ ainda façam referência ao espaço histórico das nações, essa é uma realidade que pertence ao passado – pelo menos em termos econômicos. A partir da década de 80, um novo sistema de referências surgiu com uma rapidez impressionante, impulsionado pelos satélites, a microeletrônica, a nova tecnologia em comunicação e em transportes, e pela queda dos custos energéticos: para além dos limites nacionais, surgiu um mercado único e global. Tudo passou a ser negociado a qualquer momento e em toda parte: dívidas do Terceiro Mundo (brady bonds), autopeças, mão-de-obra barata, órgãos humanos”. Como exemplo dessa globalização, ele usa o mercado automobilístico, onde um produto alemão pode “ser elaborado parte na Inglaterra e parte no Brasil, montado em Hong-Kong e expedido do Caribe”. É, sem dúvida, um texto sobre economia, mas que discorre, na verdade, sobre porque um trabalhador inglês está hoje estudando alemão para, quem sabe um dia, “subir” na empresa. Ou seja, é também um texto social – porque não há economia sem pessoas para fazê-la acontecer. E o mesmo aplica-se à mais-valia de Marx, muito maior do que um termo econômico ou político. Um trabalhador não-pago não é um número, mas um pai, um marido, um filho... regulando a grana do pãozinho.
Falta aos jornalistas (de veículos especializados ou não) aproximar a população de algo que está tão presente na nossa rotina. Compartilhar a economia, hoje nas mãos dos chamados “intelectuais”, com quem também respira essa ciência, só que sem saber. Frases rebuscadas, vocabulário pretensioso, termos econômicos sem “tradução”... só servem para alimentar alguns poucos egos e alienar o resto. Se a globalização expande as finanças nacionais (nem sempre repondo-as), deve ampliar também seus muros teóricos. Como bem questionou Kurz, ao final de seu texto: “será que a comunicação internacional ficará resumida, por fim, aos lançamentos contábeis dos mercados financeiros globalizados? O pensamento inconformista deve ser tão ágil quanto o dinheiro fugidio. O que nos falta, na verdade, é a globalização de uma nova crítica social”. De preferência, ao alcance de todos.
Para muita gente, economia é algo chato e distante demais do dia a dia para sequer tentar entendê-la. Números, estatísticas, fórmulas e siglas parecem mais códigos secretos do governo do que propriamente símbolos usados para melhor compreender nossa realidade. Pode-se até relacionar a economia com os R$ 10 que antes pagavam pelo cinema e por um lanche do McDonald’s e hoje não bancam nem o filme. Dinheiro, economia... a afinidade é mais clara. Mas e o fato daquele ator americano vir ao país promover uma trama que foi gravada no Japão e no México? Pois trata-se de uma questão econômica também. O Brasil não passou a integrar o roteiro desses "astros" por conta dos “fãs calorosos”, mas da importância que vem ganhando na economia mundial. Tudo isso para destacar que a economia é, antes de mais nada, uma ciência social– e vai muito além dos muros da Bovespa. Como bem disse o economista Celso Furtado, “a economia existe para o homem, não o homem para a economia”.
E então pegamos textos como o Perdedores Globais, de Robert Kurz, que fala sobre a globalização. Nas palavras dele: “embora nossas idéias sociais e nossos ‘sentimentos políticos’ ainda façam referência ao espaço histórico das nações, essa é uma realidade que pertence ao passado – pelo menos em termos econômicos. A partir da década de 80, um novo sistema de referências surgiu com uma rapidez impressionante, impulsionado pelos satélites, a microeletrônica, a nova tecnologia em comunicação e em transportes, e pela queda dos custos energéticos: para além dos limites nacionais, surgiu um mercado único e global. Tudo passou a ser negociado a qualquer momento e em toda parte: dívidas do Terceiro Mundo (brady bonds), autopeças, mão-de-obra barata, órgãos humanos”. Como exemplo dessa globalização, ele usa o mercado automobilístico, onde um produto alemão pode “ser elaborado parte na Inglaterra e parte no Brasil, montado em Hong-Kong e expedido do Caribe”. É, sem dúvida, um texto sobre economia, mas que discorre, na verdade, sobre porque um trabalhador inglês está hoje estudando alemão para, quem sabe um dia, “subir” na empresa. Ou seja, é também um texto social – porque não há economia sem pessoas para fazê-la acontecer. E o mesmo aplica-se à mais-valia de Marx, muito maior do que um termo econômico ou político. Um trabalhador não-pago não é um número, mas um pai, um marido, um filho... regulando a grana do pãozinho.
Falta aos jornalistas (de veículos especializados ou não) aproximar a população de algo que está tão presente na nossa rotina. Compartilhar a economia, hoje nas mãos dos chamados “intelectuais”, com quem também respira essa ciência, só que sem saber. Frases rebuscadas, vocabulário pretensioso, termos econômicos sem “tradução”... só servem para alimentar alguns poucos egos e alienar o resto. Se a globalização expande as finanças nacionais (nem sempre repondo-as), deve ampliar também seus muros teóricos. Como bem questionou Kurz, ao final de seu texto: “será que a comunicação internacional ficará resumida, por fim, aos lançamentos contábeis dos mercados financeiros globalizados? O pensamento inconformista deve ser tão ágil quanto o dinheiro fugidio. O que nos falta, na verdade, é a globalização de uma nova crítica social”. De preferência, ao alcance de todos.
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