terça-feira, 23 de junho de 2009

Placebo para curar um câncer

Quando um sistema entra em crise, ainda que se procure soluções dentro dele, é normal que modelos alternativos se tornem atraentes. Com a crise de 1929, temia-se que o Socialismo, em alta após a Revolução de 1917, pudesse converter os capitalistas cuja fé no sistema neoliberal estava um tanto abalada. Diante de ameaças dessa magnitude, os governos são acionados e deles espera-se uma decisão. Mas como neutralizar uma possível revolta das classes baixas sem colocar o status quo em xeque? Ficar em cima do muro é a saída menos comprometedora.

Nem muito ao liberalismo, nem muito ao marxismo e elege-se o keynesianismo como solução. Tal teoria prega a intervenção do estado na economia com o objetivo de garantir o pleno emprego. Deste modo mantém-se em equilíbrio a demanda e a capacidade produtiva. A idéia era, a partir de um diagnóstico, colocar fim às crises cíclicas do capitalismo sustentado pela auto-regelação do mercado.

A promessa de cura dos males do neoliberalismo coloca o keynesianismo em pauta mesmo nos redutos de esquerda. Há vertentes que defendem esta política intervencionista como saída para uma sociedade melhor. Porém, onde a propriedade privada se mantém, persistem as mazelas de um sistema desigual. Continuar buscando formas de reformar o capitalismo é insistir em um erro histórico. Novas crises virão, são inerentes ao capitalismo.

Há certas semelhanças entre as teorias de Marx e Keynes. De acordo com o texto ‘A Teoria Econômica Keynesiana e a Grande Depressão, “a análise de keynesiana não difere, radicalmente, em seus aspectos essenciais, das análises de Marx (capítulo VI) e Hobson (capítulo X). Os três consideravam como a causa fundamental de uma depressão econômica a inabilidade dos capitalistas para encontrar suficientes oportunidades de investimento, tornando-se, portanto, impossível contrabalançar os níveis crescentes de poupança gerados pelo crescimento econômico”.

Passados quase 80 anos da Grande Depressão, as idéias de Keynes voltam a serem discutidas como solução para a crise financeira que abalou a economia mundial em 2008. Mais uma vez, fala-se em adotar a política keynesiana para salvar o capitalismo de uma nova derrocada. O capitalismo só estará livre das suas crises cíclicas quando abandonar a especulação e se alicerçar em um modo de produção que gere lucro, porém seja sustentável. Um sistema mais igualitário que diminuiria a exploração do trabalhador e a vulnerabilidade do sistema a depressões. A impossibilidade de existir este tipo de capitalismo é mais uma prova de que dentro deste sistema não há solução, apenas possibilidade de novas reformas.

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