quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Economia é uma ciência humana

Os cadernos de Economia dos grandes jornais, assim como os periódicos exclusivos da área, usam uma linguagem muito específica. Apesar de tentativas como a da Folha ("saiba mais") e o uso de infográficos, as notícias econômicas seguem restritas a um público mais elitizado. Outras editorias, como de esporte, tem mais penetração popular.
Essa alienação é bem visível no Brasil: termos como PIB, commodities, debêntures, seguem como um grande mistério para a maioria da população. A situação é curiosa: o que é mais importante, ler sobre o jogo de domingo ou sobre a variação do desemprego no segundo trimestre do setor de comunicação?
Vamos falar de atitudes prazerosas. Num primeiro momento, eu escolho o futebol. Porque me preocupar em analisar números estranhos, que me parecem descontextualizados?
Em "A Teoria do Prazer e do Sofrimento", de William Stanley Jevons, talvez tenhamos a resposta para essa decisão. Ele afirma que feliz é aquela pessoa que, mesmo com pouco recursos, tem a realização no seu trabalho diário e a garantia de um futuro melhor. E infeliz é aquele que vive do "carpe diem", um dia após o outro, sem nenhum tipo de planejamento.
Faz sentido: se eu apenas ler sobre futebol e me esquecer de outros importantíssimos assuntos (política, internacional, etc), certamente serei alguém infeliz no médio e longo prazo. Por dominar um único assunto, tenho grandes chances de ser derrotado em entrevistas de emprego.
Acredito que a proposta de Jevons é analisar de uma forma mais humana as ciências econômicas. Ele diz que “O prazer e o sofrimento são indiscutivelmente o objeto último do cálculo da Economia. Satisfazer ao máximo às nossas necessidades com o mínimo de esforço é o problema da Economia”. Muito além de taxas cambiais, derivativos e estudo macroeconômicos: a meta da Economia é nos trazer bem estar.
E satisfeitas nossas necessidades básicas (alimentação, saúde), partimos para a realização de outros desejos, até então secundários. A partir desse momento, tornam-se mercadorias produções artísticas. A visita a exposições de arte entra no sistema capitalista da mesma forma que o Hopi Hari faz ao cobrar a entrada.
Uma ciência feita por humanos, para humanos e sobre a humanidade. Temos muito a aprender com o estudo de Jevons sobre a relação desejável X indesejável na Economia.

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