terça-feira, 23 de junho de 2009

Aos vencedores, as batatas mais caras

Trabalho Final, sobre o texto: A Teoria Econômica Keynesiana e a Grande Depressão

Por Alexandre de Oliveira Saconi

Um dos maiores problemas do capitalismo é o simples fato de sua expansão sem limites. Ladislau Dowbor, em uma visita a uma universidade, reparou em um cartaz alusivo às atividades da qual participaria. Nele estava escrito uma frase que o professor reproduziu como síntese dos fatores que prejudicam nosso sistema capitalista atual: “Crescer por crescer é a filosofia do câncer”.
No momento em que usava esta frase, ele se referia a alguns preceitos de sustentabilidade, porém aqui vou além. Quais os principais mecanismos usados hoje em dia para a expansão do capital? Temos dois principais: a especulação e as guerras. Mas antes de falar sobre eles gostaria de trazer um ponto da economia política que denominei como “Obsolescência Planificada dos Aparelhos Públicos”.
Esta curta teoria se refere às maneiras de se manter lubrificadas as empresas de determinada região através da construção, destrução (indireta) e reforma/recontrução de aparelhos públicos. Em São Bernardo do Campo (SP), a gestão anterior (que durou 12 anos) conseguiu mostrar plenamente o funcionamento desta técnica. De 2000 até 2008, um único parque foi construído, demolido, reconstruído, esquecido, reformado, e esquecido novamente.
A técnica utilizada é a seguinte: A prefeitura construiu um parque próximo ao centro da cidade, em uma região desprovida deste item, porém ao lado do maior centro esportivo da região. Depois de um ano e meio, em uma parte mais distante, só que do mesmo bairro, eles construíram outro parque. Este novo fica em frente a um outro que existe há décadas, e é de baixa manutenção. Os dois novos não. São de custo elevado e difíceis de serem mantidos.
O que aconteceu com o primeiro parque inaugurado com a chegada do segundo? Foi esquecido propositalmente. Com os holofotes no novo, o antigo teve sua verba de manutenção realocada para este. Com isto, em menos de três anos de vida, o primeiro parque teve que ser fechado para passar por uma reforma completa, gerando mais ônus ao erário e criando um mecanismo sistemático. Enquanto isso, o novo parque é destruído enquanto aguarda sua reforma após novas licitações.
O que quero dizer com tudo isto é o fato da destruição de patrimônios físicos, com sua subseqüente reconstrução, têm servido de lastro para que o capital especulativo encontre raízes físicas deixe de ser de alto risco. O que é melhor para destruir do que a guerra?
Durante as guerras, patrimônios são destruídos, isto é óbvio. Mas quem terá o direito de reconstruir os danos físicos e prestar serviços? Os vencedores. Os conflitos são interessantes para ambos os lados: a indústria se aquece, tendo que produzir mais para seu mercado interno e de guerra. Quem não quer manter sua indústria em pleno funcionamento?
Caso não estejamos em guerra, a destruição através do esquecimento ou da produção de bens descartáveis é o caminho mais curto entre o fazer e refazer. E isto é a mais pura economia política.

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