terça-feira, 23 de junho de 2009

O V pode ser W

O Bird (Banco Mundial) divulgou ontem que a recessão que abalou o mundo desde setembro do ano passado tende a se agravar ainda mais daqui para frente. Segundo o economista e pessimista Nouriel Roubini, a crise atual formaria uma curva gráfica em formato de “W”, o que significa recuperação seguida de nova depressão, para depois alcançar novamente ascensão e estabilidade, e não o “V”, que equivale a depressão e recuperação imediata (este último o padrão esperado pelas economias mais afetadas pela crise).

Esta informação é curiosa se levarmos em consideração que até poucos meses atrás, ninguém poderia prever que uma crise tão profunda surgiria, e pior, nasceria na economia mais próspera e sólida do planeta por conta das inocentes e rotineiras hipotecas imobiliárias. A tendência viral da crise parece ter contaminado também o campo da informação.

Se em um passado recentíssimo, o futuro era sinônimo de consolidação das economias emergentes, hoje nos curvamos diante do terrorismo psicológico. A paranóia deixou de ser privilégio exclusivo de presidentes e secretários de Estado preocupados com a soberania territorial e ameaças lançadas por minorias étnicas. O terrorismo está muito mais próximo de todos nós, do nosso bolso. Contaminou todas as esferas do poder público. Já que não conseguimos prever esta crise, não custa sermos cautelosos e esperar outra antes mesmo que esta tenha acabado. Somos reféns da informação especulativa.

Mais uma vez, as propostas são escassas. Enquanto isso, a Apple vende mais de um milhão de iPhones em três dias, e filas de consumidores eufóricos se reorganizam dia após dia nas capitais que mais sofrem com a crise econômica. Provavelmente sejam todos eles desempregados que entendem que um bom celular é primordial na era da informação. Ou quem sabe sejam soldados da resistência na guerra da informação, que se recusam a sucumbir diante do vírus da esquizofrenia, praga que já se mostrou potente ao ponto de levar à loucura as pessoas mais centradas e equilibradas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário