terça-feira, 23 de junho de 2009

Vida de apostador

Por Renata Puccinelli


Os economistas têm uma brincadeira predileta nesses momentos de crise: adivinhar quando ela irá acabar. É como uma loteria, todos fazem as suas apostas, e quem acerta leva a glória. Desde o fim de 2007, os chutes sobre o fim dos problemas econômicos não param, tanto por profissionais brasileiros, quanto estrangeiros. Já se falou que a crise seria sentida até 2012, 2011, 2010. Agora, já há quem diga que no Brasil tudo volte ao normal ainda esse ano.

O jornalista João Caminoto, da Revista Época, fez uma crítica em sua reportagem exatamente sobre esse ponto. A partir de uma declaração do Ministro da Fazendo, Guido Mantega - um dos apostadores da crise - dizendo que o PIB do Brasil vai fechar positivo em 2009, com o Brasil longe da crise, o repórter fez uma análise da situação, criticando a postura de Mantega.

Nos últimos meses, o PIB do Brasil andou em baixa, chegando a um declínio de 3,6% no fim de 2008. Ele chama de ingênuo e oportunista a fala do Ministro, querendo esconder a verdade para o povo e empresários. Uma queda tão grande e brusca da economia em um curto período de tempo não é tão fácil de ser revertida. Será que as isenções de IPI dos automotivos são suficientes para reverter a situação se vemos que milhares de empregos desapareceram, que os outros países ainda passam por dificuldades. O Brasil será tão auto-suficiente como os políticos afirmam?

Em que o Ministro se baseia na sua aposta? No crescimento de 0,7% do consumo das famílias, no aumento de gastos de 0,6% do governo e da atividade de serviços (0,8%). A pergunta que eu faço para ele é, todo esse grande(?) aumento mostrando por ele é capaz de absorver o declínio da indústria de 3,1%, de 12,6% dos investimentos e de 5,6% do emprego na indústria.

Pelo que me parece com esses exemplos, Mantega é mais um dos adivinhos da crise. E pelo que parece ele não vai acertar na loteria. Se eu puder fazer a minha, digo que até o fim de 2010 ainda não seremos o mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário