quarta-feira, 17 de junho de 2009

A mídia e a Crise

Quando o assunto é a cobertura da mídia sobre a crise econômica mundial tem político que não aprova. Em entrevista ao site www.guimaraes.org.br, o deputado José Genoíno, do PT-SP, disse que a cobertura da grande imprensa nacional tem sido marcada por exageros, equívocos e espetacularização da notícia e que por isso pode piorar a crise. “A economia trabalha muito com expectativas, mas ao se produzir espetáculos negativos, eles entram como coadjuvantes da realidade e podem piorar a crise”, afirmou o petista. Mas se a economia pode trabalhar com expectativas, por que a imprensa não pode fazer especulações?

Sabemos que grande parte dos meios de comunicação dá muito mais ênfase às noticias negativas do que às positivas. Porém, a mídia divulga o que vê e nem tudo o que ela vê é positivo. Quando o presidente Lula foi apontado em uma pesquisa como sendo o presidente com a maior porcentagem de aceitação pelo eleitorado, a mídia publicou. E quando ele disse que a crise chegaria ao Brasil como uma marolinha, a mídia também publicou, porque é verídico. É aceitável que os meios de comunicação tenham dado ênfase a esse último acontecimento uma vez que foi dito pelo Presidente da República de um país inserido na globalização num momento em que os brasileiros já estavam sentindo as conseqüências da crise.

O petista José Genoíno afirmou, ainda nesta entrevista, que se a crise tivesse realmente afetado a economia brasileira, estaríamos numa grande recessão, teríamos muitos trabalhadores desempregados, grandes empresas fechando, uma inflação descontrolada e um crescimento econômico de zero para negativo. Tudo bem que o nosso país não foi afetado como os EUA e tantos outros, mas insistir na idéia de que a crise não chegou aqui só pelo fato de o país não ter quebrado como muitos outros é “tapar o sol com a peneira”. O que se vê e o que é retratado pela mídia é o contrário disso: centenas de demissões em grandes empresas como a Embraer, a GM e outras montadoras. Não acredito que a mídia retrate isso para apavorar os brasileiros, mas sim para alertá-los de que ela chegou sim ao Brasil e que as conseqüências estão mais próximas do que se pode imaginar.

Resumindo, a mídia vive em um fogo cruzado: de um lado, é positivo informar as pessoas sobre uma crise financeira, sobre suas conseqüências e como fazer para amenizá-la; porém, do outro lado, por mais que a intenção principal seja informar, as notícias acabam preocupando, pois o espectador dá muita credibilidade ao que vê, ouve ou lê. O jornalismo busca trazer o olhar que ninguém tem sobre determinado assunto e para isso, as especulações são necessárias, pois incita o leitor ou o telespectador à reflexão e à posterior formação de opinião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário