sexta-feira, 19 de junho de 2009

Prosperidade keynesiana

A teoria keynesiana entrou em ação nos Estados Unidos da América após a grande depressão de 1929, quando os valores dos títulos da Bolsa de Nova York começaram a cair,o que levou a uma crise sem precedentes, que deixou milhões de pessoas desempregadas.
Keynes procurou analisar o que estava acontecendo com o sistema capitalista e começou pelo modo de produção. Em uma análise geral determinou que o valor de tudo aquilo que é produzido durante determinado tempo equivale ao total de rendas recebidas nesse mesmo período, portanto para que as empresas vendam tudo o que o produzem é necessário que a população gaste toda a sua renda nos bens produzidos pelas empresas, o que ficou denominado como fluxo circular. Porém parte do dinheiro que as pessoas recebem não é gasto em bens, uma parte da renda é poupada, além de gasta em produtos importados e no pagamento de impostos.
Existe uma maneira de compensar esses “vazamentos”: as exportações teriam que compensar as importações e o governo poderia utilizar os impostos para financiar a aquisição de bens e serviços.
A depressão ocorre, portanto, segundo Keynes (e também Marx e Hobson, que concordavam com ele neste ponto e dos quais Keynes não se difere radicalmente) pelo fato de que os capitalistas não conseguem encontrar suficientes oportunidades de investimento, o que torna impossível contrabalançar os níveis crescentes de poupança gerados pelo crescimento econômico, já que quanto maior o nível de renda, maior porcentagem desta é poupada.
Diante de tal situação Keynes propôs a seguinte solução: quando a poupança excedesse os investimentos, o governo deveria entrar em cena, recolhendo o excesso mediante a empréstimos e investindo em projetos de utilidade social.
A Grande depressão durou até meados da II Guerra Mundial, quando os governos começaram a aumentar a produção armamentista, o que fez o desemprego ceder. Durante a guerra, para a maioria dos economistas, a teoria keynesiana foi comprovada com exatidão: o capitalismo podia ser salvo, desde que os governos soubessem fazer uso do poder de cobrar impostos, contrair empréstimos e despender dinheiro.
Após 1945, com o fim da II Guerra Mundial e o contingente de soldados que voltaram da guerra empregados, os políticos e economistas trataram de colocar a teoria econômica de Keynes em prática: pela primeira vez, com a Lei do Emprego que foi aprovada em 1946 e transformou em obrigação legal do governo usar o poder de cobrar impostos, contrair empréstimos e despender dinheiro com a finalidade de manter o pleno emprego, o governo dos Estados Unidos assumiu a responsabilidade formal pela manutenção dos níveis de emprego.
Apesar de nunca mais ter ocorrido uma crise como a de 1929 a economia norte americana não voltou a crescer como nos períodos de 1920-1929 e 1879-1919. Na realidade a grande prosperidade pós 1929 ocorreu durante o período de guerra , no qual a industria bélica funcionava a pleno vapor.
A partir da década de 40 os gastos militares dos Estados Unidos só aumentaram, passando de 3,2 bilhões em 1940 para 9,1 bilhões em 1947, quando a guerra já havia terminado. Dessa forma o militarismo tem grande peso na economia norte americana, pois apesar de ser difícil convencer a população da necessidade de tantas armas, as pesquisas financiadas pelas indústrias armamentistas e os empregos que dependem delas (7,9% dos empregos em Nova York, 14,5% em Massachussetes, 38,4% em Washington, entre outros) servem como argumento.
Enfim a Grande Depressão mostrou que era necessária uma intervenção do governo na economia e a II Guerra mostrou claramente que as teorias econômicas de Keynes funcionavam, pois desde então ocorreram apenas algumas recessões na econômica norte americana, mas nada comparado com a crise de 1929. Porém os gastos militares e as pesquisas nessa área só aumentam o que, para alguns críticos, coloca em risco a existência da própria sociedade norte americana. Com certeza Keynes achou a solução para o que aconteceu em 1929, porém resta saber se o custo a se pagar por essa prosperidade plena não é alto demais.

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