segunda-feira, 22 de junho de 2009

Por Giovanna Saliba Montemurro

O período entre 1840 e a Primeira Guerra Mundial assistiu a um rápido crescimento econômico e ao surgimento e fortalecimento de duas teorias econômicas concorrentes. Enquanto Marx espalhava sua idéia de comunismo e da inevitável revolução, alguns autores realizavam uma “revolução” a sua maneira, mudando a forma de se pensar a teoria econômica neoclássica: é a chamada “revolução marginalista” de Jevons, Menger, Walras e Marshall.

O inglês Jeremy Bentham publica em 1780 o livro An Introduction to the Principles and Morals of Legislation. Com esse livro o autor inaugura a teoria utilitarista que será a base das teorias neoclássicas. “A natureza colocou a humanidade sob o domínio de dois mestres soberanos, a dor e o prazer. Só eles podem mostrar o que devemos fazer, bem como determinar o que faremos ... Eles nos governam em tudo que fazemos, em tudo que dizemos, em tudo que pensamos ... O princípio da utilidade reconhece essa sujeição e a aceita como fundamento (de sua teoria social)”.

Stanley Jevons vai então pegar a idéia de Bentham, de que toda motivação humana pode ser reduzida à maximização da utilidade, para trabalhar sua teoria econômica em Theory of Political Economy. É partindo desse princípio que Jevons conclui, diferentemente de seus antecessores (Smith, Ricardo, Marx), que “o valor depende inteiramente da utilidade”, sendo que os agentes econômicos passam a ser racionais e calculistas maximizadores de utilidade marginal (pois a utilidade total decorrente do consumo não interfere na análise do valor de troca. Isso porque, quanto maior a quantidade de um produto, menor sua utilidade. É o chamado princípio da utilidade marginal descrescente).

Carl Menger parte então para a elaboração de uma teoria de formação de preços baseada na utilidade marginal em seu Principles of Economics. Basicamente, quanto maior o preço de um item em relação a utilidade marginal que a maioria dos consumidores poderiam obter com ele, mais consumidores veriam mais vantagens em comprar outras mercadorias. Se o preço fosse baixando, a relação iria se inverter.

Léon Walras usa então as conclusões de Jevons e Menger para formular uma estrutura teórica que mostrasse como os preços eram determinados simultaneamente em todos os mercados em seu Elements os Pure Economics. Walras formula então uma teoria geral do equilíbrio dos mercados, partindo do princípio que as pessoas possuíam “tabelas de utilidade marginal” que orientavam todas as suas decisões de compra e venda.

Alfred Marshall vai então concluir e melhorar o pensamento de Walras em seu Principles of Economics reconhecendo a interdependência dos mercados, concentrando-se nas condições de equilíbrio individuais e teorizando o equilíbrio parcial (só possível com coeteris paribus, ou tudo mais em inalterado).

É importante lembrar que o maior avanço da revolução marginalista foi, mais que uma versão mais completa e coerente da teoria da utilidade, mas sua versão especial dessa teoria baseada exclusivamente no calculo racional da maximização da utilidade, explica Zamagni em seu Microeconomic Theory, princípio que os teóricos reconhecem como tendo validade universal e como sendo capaz de explicar todos os aspectos da economia (uma abordagem microeconômica, portanto, que afirma não poder analisar nada além de unidades individuais e que, sendo assim, é incapaz de pensar qualquer mudança econômica que não esteja na mão dos agentes individuais e que não ocorra de maneira não coordenada).

Essa abordagem, portanto, ao contrário da Keynesiana e da Marxista, não pensa ações econômicas estatais e, muito menos, intervenções na economia. Ela é então deixada de lado após 1929, quando a crise exige outro tipo de abordagem.

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