terça-feira, 23 de junho de 2009

O disfarce da racionalidade

Quando os Estados Unidos anunciaram a invasão ao Iraque, houve surpresa e indignação. “Como um país tão rico e poderoso irá invadir outro tão pobre?”, era o pensamento corrente. O pior eram as desculpas norte-americanas. Primeiro, se disse que lá havia armas de destruição em massa. Mas a ONU já tinha fiscalizado o Iraque sem constatar presença de armas deste tipo. Depois, fomos informados que os Estados Unidos queriam impor a democracia naquele país varrido por um ditador.

Primeiro se desconfiou deste segundo argumento porque democracia é o sistema do diálogo. Como impor o diálogo?! Já seria uma contradição de termos. Depois, com que moral os Estados Unidos, país que apoiou duramente a ditadura na América Latina poucos anos antes, poderia agora apoiar uma suposta democracia no Oriente Médio?

Não é preciso ser tão esperto, nem ter estudado em Harvard, muito menos ler a Folha de S. Paulo regularmente, para saber que a motivação não era altruísta, muito menos ideológica, para a invasão norte-americana. A motivação era financeira, puramente financeira. Se houver ideologia nisso, é a ideologia capitalista, a ideologia que coloca o dinheiro na frente dos homens - que deveriam administrá-lo.

Porque com a invasão ao Iraque, o regime a ser imposto é um mero detalhe. Importa, para os americanos, que houve uma guerra. Quando há guerra, é necessário reconstruir tudo. E para a reconstrução, é claro, haverá a preferência pelas empresas americanas. Por isso, tudo o que os Estados Unidos destruíram, as empresas norte-americanas construirão. A guerra é, antes de qualquer coisa, uma solução para o excesso de produção diante da falta de demanda.

Isso não se observa somente na invasão do Iraque. É só observar a ajuda humanitária que os Estados Unidos dão à África. Esta ajuda é muito engraçada, já que ela é feita há tempos, e os africanos continuam passando fome.

É preciso dizer que, se há ajuda nessa história, é a que os americanos dão a eles mesmos. Eles sabem que se quisessem ajudar a África teriam que investir em infra-estrutura. Mas o que fazem é um plano de distanciamento do desenvolvimento contínuo que impossibilite este continente a sobreviver com recursos próprios, para depender eternamente da ajuda norte-americana.

Diante do excesso de irracionalidade disfarçada de racionalidade, essas práticas tornam-se cada vez mais comuns. Já que hoje em dia todos somos perdedores instrumentos para o capital. E nunca o contrário.

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