sexta-feira, 19 de junho de 2009

E se for teu?

Os problemas em se tratar o mundo como se fosse o quintal de casa

Por Alexandre Saconi

O termo globalização tem sido amplamente discutido nas últimas décadas. Porém, qual seu papel efetivo no cotidiano das pessoas? Por um lado ela permitiu um leve avanço no número de empregados nas regiões periféricas do mundo, mas por outro criou massas de desvalidos financeiros. Esta é a matriz da diferença social.
Vejamos só o caso da Volkswagen no Brasil. Moro em um bairro com cerca de 100.000 habitantes, em São Bernardo do Campo, que só existiu para abrigar os trabalhadores pobres da empresa automobilística. Do outro lado da Via Anchieta, mais próximo da Volks, o bairro nobre, onde ficavam os funcionários das altas gerências.
É mais ou menos isto que acontece: somos responsáveis pela produção do que nem eles (transnacionais) querem (trabalho braçal) e remetemos altas quantias monetárias para países de alto capital. Esta troca não foi estabelecida apenas enquanto margem internacional, mas, como o próprio exemplo das moradias dos primeiros trabalhadores da Volks, reproduzimos isto em nosso território. Não somos apenas “colônia”, mas repetimos todo o sistema de poder e em micro-sistema financeiro toda a economia global.
A cisão de direitos, profundamente arraigada nas diferenças mundiais e na divisão internacional do trabalho, está claramente reproduzida aqui. Com isto, a briga por direitos se torna em diversos casos ineficaz. Ainda me atendo ao caso habitacional aqui referido, lembro uma citação do professor Milton Santos em seu livro O Espaço Cidadão, para que devamos ter cuidado para não “Confundir direito a uma moradia digna com o direito a posse de um imóvel”.

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