quarta-feira, 17 de junho de 2009

Do mundo para São Paulo

Quando se menciona a crise econômica mundial logo se fala nas previsões Marxicistas, exaltando o fato de os estudos ainda explicarem o que se passa no campo econômico mundial. O trabalho de um dos alemães mais importantes da história é louvável e de fato contribui em muito na compreensão da situação atualmente vivida, no intuito de buscar alguma “solução” para o problema.
Marolinha ou Tsunami, o fato é que a globalização só faz relembrar que o Planeta Terra é composto em 97% de água, e de alguma maneira, os quatro cantos do mundo sofreram os reflexos do colapso em que a economia entrou. E fazendo uma breve rememoração do processo cíclico pelo qual o capital mundial vem passando, a quebra de 69 e a Crise do petróleo de 1974 apenas são dois exemplos que não deixam mentir sobre há quanto tempo mudanças no cenário financeiro internacional se fazem necessárias.
E por falar em mudanças, uma boa contextualização pode ser feita logo ali na zona sul de São Paulo. Não é novidade para nenhum paulistano que em meio a favelas, o bairro do Morumbi é sempre lembrado pelos condomínios fechados e com segurança-máxima, uma tentativa superficial de fugir da realidade. E pensando na crise, é para casos como esse que se deve olhar. Um recorte perfeito da péssima ou inexistente distribuição de renda mundial.
E a novidade é que desde maio do ano passado, existe literalmente uma ponte entre que liga os extremos da pobreza e da riqueza nesta região. A imponente Octávio Frias de Oliveira une fisicamente a favela Real Parque e o luxuoso Hotel Hilton. Em outros parâmetros, esses espaços nunca estiveram tão distantes.
Duzentos e sessenta milhões de reais foram gastos na obra, valor jamais cogitado a ser gasto com os 60 mil moradores da favela, formada por uma esmagadora maioria de trabalhadores mal-remunerados. O montante dispensado na construção da ponte é resultado direto do mais valia da qual o governo tem direito. O investimento no novo cartão postal de São Paulo é quase que um capital constante, e diariamente visto pela população. Sem esquecer que ele foi inaugurado à época do estouro da crise.
Acumular lucro incessantemente sem direcionar o capital para medidas de média e longo prazo é uma estratégia que movimenta a economia sob o risco de esta entrar em choque periodicamente. É como uma praga, mais fácil prevenir do que remediar, mas o tratamento é bem mais lucrativo.

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