sexta-feira, 19 de junho de 2009

80 anos de crises

A virada do século XX foi marcada pela expansão econômica dos Estados Unidos devido a Guerra Civil, porém o período entre 1900 e 1929 fez a economia estadunidense ser elevada à condição de potência líder mundial, superando a Inglaterra, inclusive no campo industrial.

A conseqüência foi um gasto cada vez maior dos consumidores e uma população plenamente empregada e gastadeira. A prosperidade seguiu até Outubro de 1929, com a Queda da Bolsa de Nova York. O resultado não poderia ser outro: desemprego e queda de renda. Aí está a primeira semelhança com a crise mundial que teve seu zênite em novembro de 2008. Segundo matéria do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/economia,desemprego-a-terceira-fase-da-crise-financeira-global,288561,0.htm) são 10 mil demissões diárias na Europa, enquanto 1,2 milhões foram mandados embora nos EUA.

Os antecedentes à Crise de 29 foram à expansão territorial (Marcha para Oeste, compra de territórios e guerras como a contra o México), a realização da Segunda Revolução Industrial e o crescimento populacional com o incentivo à imigração européia. Tais realizações foram motivadas pelas Doutrinas Monroe, do Destino Manifesto e do Big Stick.

A Primeira Guerra Mundial consolidou o país como maior potência mundial. Após o término dos conflitos, os EUA, que eram os maiores credores mundiais, apresentavam superprodução e poucas exportações (Europa reconstruída).

As ações das andavam supervalorizadas na Bolsa de Valores e as empresas e bancos estavam muito endividadas. Os boatos davam conta que bancos e empresas iriam falir. A conseqüência é que as ações das empresas caíram e suas possibilidades de conseguirem novos empréstimos também acabaram e os credores ficaram a “ver navios”. Os bancos não tinham dinheiro para pagar o saque à vista de todos os correntistas ao mesmo tempo. Todos vão a falência num efeito dominó, assim como a crise do século XXI, em que os EUA “quebraram” e afetaram todas as economias mundiais.

A solução foi eleger o democrata Roosevelt presidente, que propôs o New deal para salvar o capitalismo através de uma economia regulada pelo estado.

O texto A Teoria Econômica Keynesiana e a Grande Depressão expõe situações de miséria no pós-1929 e há descrições de pessoas em lixões procurando comida ou algo útil à subsistência. Uma realidade triste, mas presente no cotidiano brasileiro até hoje, basta consultar a matéria a seguir, que trata de pessoas que tentam a sorte num lixão em Belford Roxo, na Baixada Fluminense: http://www.consciencia.net/2006/0115-rj-lixao.html.

A conjuntura em questão se instaurou devido à lógica capitalista de privilegiar o lucro antes de qualquer necessidade humana. Por vezes esquecem até que é o homem quem gere todo esse sistema.

Em contrapartida ao colapso capitalista emergia o “milagre soviético” abalando as crenças liberais. Neste contexto aparece John Maynard Keynes com o princípio de que “o valor de tudo aquilo que é produzido durante determinado período equivale ao total de rendas recebidas nesse mesmo período. Conseqüentemente, para que as empresas vendam tudo o que produziram, é necessário que a população gaste, coletivamente, todas as suas rendas”.

Este seria o fluxo circular, sinônimo de que o mercado interno anda “de vento em popa”, esquecendo das importações – ou melhor, achando que elas seriam compensadas pelas exportações.

Keynes percebeu a poupança líquida, ou seja, quando o crédito é superado pelos investimentos na poupança, simbolizando o oposto do que tem acontecido no Brasil nestes últimos anos, já que a população que pode poupar é muito restrita e as linhas de crédito favorecem as camadas mais populares através de trilhões de parcelas.

O economista constatou um ciclo vicioso com três pontos de vazamento de renda (poupanças, importações e impostos) que desequilibravam o volume de recursos, ou seja, “é impossível contrabalançar os níveis crescentes de poupança gerados pelo crescimento econômico”. Um cenário utópico para a economia nacional, já que temos mais exportações – encabeçadas pelos commodities – do que importações (superávit).

A solução foi fazer com que o governo interviesse na economia, sempre atuando em prol das grandes corporações, ao invés de ter preocupações com investimentos de utilidade pública.

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