quinta-feira, 18 de junho de 2009

Marolinha Sistêmica

Quando pensamos no mundo em um momento de crise como agora, é importante deixar um pouco de lado o economicismo dominante e buscar uma análise um pouco mais profunda. O materialismo, de certa maneira, acabou por viciar as mais diversas formas de interpretação e discussão (à direita e à esquerda) e acabou por se tornar um espécie de simulacro.

Por que eu digo isso?

Ora, a crise que arrepia tantos cabelos por aí, não se resume a esfera econômica. Em diversos pontos, a crise de valores, de idéias e de ideologias há muito já se manifesta. Ela está na sala de aula mal-conservada, na quebra da autoridade do educador, na transação do Kaká, no predomínio de vertentes do pensamento (seja na academia ou na grande mídia) e na crise da Coréia do Norte. (Um pequeno porém: não estou aqui para defender algum modelo passadista, digo apenas que muitas das bases que sustentavam o mundo ocidental estão ruindo. Também não afirmo que algum dia essa sustentação tenha sido firme e ideal).

E aqui eu volto a mais um ponto interessante, essa gana materialista, filha do positivismo e do cientificismo do século XIX, acabou por gerar uma confiança tão forte na economia, ou melhor, no dinheiro, que se tornou uma fé (irracional?). O valor se abstraiu de tal maneira que não é a toa que vemos tamanha discrepância entre a realidade do capital e dos valores creditados ao mercado especulativo. (Tratado de Bretton Woods e o fato do PIB mundial ser menor do que o capital em circulação, por exemplo) Como homens de negócios, sérios como sempre, assistem ao convidado da semana abrir o mercado de ações da Down Jones? Isso pra mim é uma forma de celebrar o mito.

O texto de Robert Kurz entra neste exato momento. O autor busca apresentar uma análise mais abrangente e menos presa ao detalhe. Seu artigo começa mostrando que qualquer tipo de discussão promovida como os conceitos consagrados podem se perder. A realidade hoje é outra, como discutir “economia política” ou "economia nacional" em tempos de globalização e de capital livre e circulante? Na onda de negócios envolvendo multinacionais, onde foi parar o papel do Estado? Antes de a bolha estourar era fácil. O Estado é mínimo. E agora? Ele vem, compra empresas, tenta segurar as pontas para depois se minimizar e gerar mais crises? Enquanto a discussão não se estender pelos mais variados níveis, continuaremos andando em círculos... Pois, como alguns dizem o capitalismo é cíclico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário