terça-feira, 23 de junho de 2009

O comportamento em crise

Por Bruna Rodrigues

Esqueçam os meios de produção e pensem apenas na satisfação das necessidades. Será que a crise que vivemos é resultado de um colapso no sistema financeiro ou é um reflexo das relações humanas altamente conturbadas? Talvez a falta de conduta ética explique esse descompasso. O utilitarismo, corrente criada pelo jurista e filósofo inglês Jeremy Bentham, prega a seguinte conduta moral: as pessoas devem agir para o bem-estar do coletivo. O conceito central da utilidade diz que toda ação deve pensada em função de sua capacidade de aumentar ou reduzir a felicidade das partes afetadas por esta mesma ação. O que é moralmente correto promove a felicidade eo que é moralmente condenável produz a infelicidade.
E o utilitarismo extrapola as decisões pessoais. Esse critério pode ser aplicado em decisões políticas e econômicas, como fez o liberal Stanley Jevons. Se analisarmos esta última crise financeira que fez o mundo repensar o modelo econômico vigente, não podemos de deixar de analisar a conduta daqueles que conduziam esse sistema.
Na busca pelo lucro, nos tornamos egoístas. Na prática, o que acontece é a busca do prazer acima de qualquer limite moral ou ético. Isso exclui imediatamente a preocupação com o coletivo. A crise só chegou a um ponto extremo porque as relações humanas daqueles que participavam do sistema econômico se perdeu.
Manchetes de jornais dos últimos meses mostram exatamente esse comportamento antiético: executivos ganhando bônus milionários de suas empresas que estava à beira da falência e sistemas de corrupção gigantescos foram descobertos em bancos respeitáveis. Além disso, vivemos numa sociedade consumista que, ao comprar de forma exacerbada, também alimenta um tipo de comportamento egoísta.
O homem sabia que estava rompendo com a moral para obter benefícios próprios diante de um sistema econômico que, em tese, deveria priorizar o que é coletivo. A bolha estourou, empresas faliram, governos tiveram que arregaçar as mangas para ajudar os Estados e o utilitarismo caiu por terra. E no que diz respeito à conduta das pessoas, nada foi dito ou analisado. Precisamos entender que o comportamento das pessoas não influencia apenas o círculo social, mas também está atrelado ao que acontece nos campos políticos e, claro, econômico.


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