sábado, 20 de junho de 2009

Keynes foi, é, será?

A manchete de capa do jornal Folha de S.Paulo do último 17 de junho fez uma porção de economistas remexerem em seus caixões e em seus escritórios. Centralizado e com grande destaque, o título anunciava: “Depósitos na poupança triplicam”.

O relato é um dos elementos-chaves para entender o que é a doutrina econômica de Keynes nos tempos atuais. O economista britânico estudou a natureza do capitalismo e de seus mecanismos de crise, e analisando o processo de produção visualizou a teia de relações entre este e a economia real, chegando às razões que fazem o sistema entrar em colapso.

Os depósitos na poupança são um dos três fatores apontados por Keynes que interrompem o processo ideal da máquina capitalista, denominado por ele como fluxo circular – o dinheiro flui das empresas para o público e este dinheiro retorna para as empresas quando o público adquire os bens e serviços produzidos por elas.

Contudo, esse processo é apenas ideal, e não se dá na prática. Há vazamentos. Além dos depósitos em poupança, as somas destinadas aos pagamentos de impostos e as importações, que por vezes fazem a população deixarem de consumir produtos nacionais, são prejudiciais ao funcionamento do ciclo.

[Um quarto fator, não relacionado por Keynes, mas de suma importância, é a corrupção, que desvia quantias enormes que poderiam ajudar no avanço da economia real.]

É ai que o Estado, o ‘capitalista ideal’, entra em ação. Quando a poupança excedesse os investimentos, o governo deveria recolher o excesso de poupança por meio de empréstimos e investir o dinheiro em projetos de utilidade social. Dessa forma, o PAC brasileiro, considerado por alguns um caminho para o socialismo, nada mais é do que um dos motores do capitalismo, assim como o programa fome zero, que nada mais é do que a circulação de dinheiro em lugares onde não há capital para funcionar o comércio.

Na matéria citada no início deste texto, a explicação para o aumento dos depósitos em poupança é de que o governo irá anunciar em 2010 mudanças na regras da poupança, impedindo a migração de recursos dos fundos de investimento. No decorrer do texto, outro fato importante: Como 65% dos recursos são aplicados, obrigatoriamente, no financiamento imobiliário, alguns bancos começam a se preocupar se conseguirão emprestar todo esse dinheiro - os recursos não emprestados são recolhidos com rendimento zero no Banco Central sob a forma de depósito compulsório. Os bancos reivindicam a redução do direcionamento obrigatório.

Por hora, o governo brasileiro mantém sua decisão. Mas é sabido que a riqueza e o poder econômico determinam o poder político. Quem será que leva a melhor nessa disputa? A pergunta é dada em mero tom de provocação. A resposta não é lá das mais complicadas. As crises são inerentes ao sistema capitalista, pois nelas nasce um de seus mais belos frutos, a concentração.
Belos para quem sai ganhando, é claro. O resto, sifú.

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