terça-feira, 23 de junho de 2009

O ciclo vicioso do sistema capitalista

Por Natasha Ramos

Depois de quase oito décadas desde a grande depressão de 1929, o mundo está diante de outra crise econômica sem precedentes, que já vitimou dezenas de milhares desempregados e levou empresas de grande porte como as norte-americanas Lehman Brothers e a American International Group à falência.

O sistema capitalista funciona em ciclos ou, para usar o termo cunhado pelo teórico John Maynard Keynes, esse processo constitui um fluxo circular. O dinheiro flui das empresas para o público sob a forma de salários, remunerações, rendas juros e lucros; em seguida, esse dinheiro retorna para as empresas quando o público adquire os bens e serviços oferecidos por elas. Para as engrenagens funcionarem perfeitamente, é preciso que as empresas vendam tudo o que produzirem e obterem lucros satisfatórios. Porém, esse sistema não é automático e chega uma hora que esse ciclo harmônico se rompe. São os momentos de crise.

Há fatores que podem interferir neste mecanismo: as importações, os impostos e as poupanças. Para se manter o equilíbrio, Keynes pensou formas de compensar essas perdas no fluxo rendas-despesas. São elas: exportação, o financiamento por parte dos governos na aquisição de bens e serviços, e investimentos.

Essas medidas gerariam o equilíbrio do sistema, o que traria prosperidade e abundância econômica à sociedade. Porém, Keynes percebeu que os indivíduos de rendas elevadas tinham o hábito de poupar uma percentagem maior de suas rendas que os indivíduos menos abastados. Assim, à medida que se eleva o nível de rendas, uma percentagem maior dessas é transformada em poupança.

Para contrabalancear, seriam necessários investimentos que acompanhassem o ritmo acelerado de renda para absorver as poupanças. Só assim, as empresas venderiam o que produzissem.

Mas, segundo a teoria keynesiana, há um limite de oportunidades para os investimentos lucrativos. Assim, à medida que o crescimento econômico avança, fica cada vez mais difícil encontrar formas de equilibrar a balança poupança/investimento.

Quando essa proporção é quebrada, as empresas não conseguem escoar todos os bens e serviços produzidos. Isso acontece em larga escala, atingindo as empresas de uma sociedade de forma geral. Visando reduzir o prejuízo, elas acabam retraindo a produção, o que gera a demissão de um contingente de pessoas.

Em conseqüência do declínio da renda, os gastos em bens e serviços também cai, o que contribui ainda mais para a retração da produção, o que, por sua vez, gera mais demissões. Vira um ciclo vicioso.

A Grande Depressão prolongou-se por toda a década de 30 até a eclosão da II Guerra Mundial. Foi a partir da produção em massa das indústrias armamentistas norte-americanas e de uma série de medidas governamentais que a economia estadunidense começou a reagir.

Durante o reminiscente governo Bush e o recente governo de Barack Obama, muitas medidas foram tomadas e muito dinheiro empregado na tentativa de minimizar os impactos da atual crise. Porém, muitos economistas se mostram incrédulos e até incertos sobre qual seria a solução definitiva. Há quem diga que somente outra guerra poderia nos tirar dessa. Será precisaremos descer tão baixo?

Nenhum comentário:

Postar um comentário