sábado, 20 de junho de 2009

Made in Mercedes: A era das Corporações

Com a globalização, a expressão “economia nacional” caiu por terra. Agora, as atividades internas das empresas estão divididas pelo mundo, em busca do lucro. As multinacionais ganharam um poder tão grande que estão se tornando organizações independentes de fronteiras territoriais. Nada é capaz de vetar as decisões desses gigantes, nem mesmo os Estados, que agem como se fossem subordinados ao capital e não aos cidadãos.

As empresas se tornaram verdadeiras nações, que têm como cidadãos os consumidores. Os funcionários fazem com que a “máquina estatal” se locomova. Alguns cuidam de sua imagem e relações exteriores com outras empresas. Outros, da parte jurídica. Mas poucos dentro dela questionam o porquê de suas decisões. É como se ela fosse uma força maior, coercitiva, que guiasse todos na direção de um bem comum: o lucro.

Porém, esse lucro não beneficia a todos, mas fica concentrado entre um grupo pequeno de pessoas. No fim das contas, a economia se tornou tão devastadora, que recruta pessoas para trabalharem contra seus próprios interesses e em benefício de poucos. Muitos fazem isso sem consciência, o que torna o sistema ainda mais cruel. Um exemplo é a mão-de-obra barata, que as empresas buscam em países de terceiro mundo. Ou quem consome seus produtos e venera suas marcas, contribuindo sem saber para o aumento da desigualdade.

Os que ficam excluídos são os perdedores globais, uma massa enorme de pessoas isoladas pelas corporações. Eles se organizam de maneira tão difusa quanto elas. Máfias que tomam proporções globais, o tráfico de drogas que utiliza uma mão-de-obra ignorada pelo mercado e o terrorismo. Tudo isso forma uma grande bomba-relógio. É um sistema autodestrutivo, até porque para mantê-lo seria necessário fazer uso da infra-estrutura do Estado. Mas como fazer isso se o capital está cada vez menos concentrado nele?

Para sair dessa lógica, deveríamos criar uma organização também global, mas com outros objetivos. O enfoque deve ser o bem-estar das pessoas, não o lucro. Essa reversão de valores não será fácil. Talvez estejam esperando que uma catástrofe aconteça para agir. Será que a crise, o terrorismo e a miséria que temos hoje não são o bastante?

Nenhum comentário:

Postar um comentário