sexta-feira, 19 de junho de 2009

A prosperidade da economia armamentista sobrepuja o desenvolvimento humanitário

A crise econômica atual torna evidente o quanto os grupos minoritários tendem a sofrer maiores retaliações quando entra em questão o desemprego e as dificuldades que a falta de prosperidade econômica traz.

Assim como os negros sofreram durante a crise que começou em 1929 nos Estados Unidos, na França a atual política conservadora do presidente Nicolas Sarkozy é um exemplo claro disso, com as violentas manifestações eclodindo dos bairros da periferia.
Entretanto, como no capitalismo as decisões referentes ao aspecto humano da sociedade são sacrificadas em favor do “princípio do lucro”, alguns nomes da economia tentaram explicar como o sistema está em risco. Entram em cena, então, as ideias de John Mayard Keynes, que procurou apresentar soluções para “salvar” o capitalismo, que claramente entrou em declínio com a crise de 1929.

Partindo do processo de produção, com a venda dos volumes produzidos pelas empresas (bens) virando a renda usada para pagar os custos de produção, os salários e etc, (o excedente resultando em lucro); seria necessário que a população gastasse toda a sua renda com bens e serviços, para que o equilíbrio fosse mantido e as empresas pudessem produzir cada vez mais. Esse processo foi definido como “fluxo circular”.

Entretanto, Keynes encontrou alguns “vazamentos”nesse fluxo, que impedem que o sistema continue em equilíbrio. Uma parte dessas rendas ficaria aplicada nas poupanças – parte do dinheiro que estaria fora do sistema, sem adquirir novos bens que venham a ser produzidos. Outra forma de vazamento seria as importações; assim como as quantias destinadas ao pagamento de imposto são retiradas do fluxo de rendas e despesas.

Esses defeitos no sistema seriam resolvidos da seguinte forma: as importações seriam neutralizadas pelas exportações; o governo utilizaria os impostos para financiar a aquisição de bens e serviços; por último, os empresários que quisessem ampliar seu capital teriam que contrair empréstimos nos bancos onde estivessem depositadas as poupanças.
Dessas três formas a prosperidade estaria garantida caso esses vazamentos fossem sanados e os gastos equivalessem ao valor da produção.

Entretanto, esse movimento de capital não duraria muito, pois quanto maior a renda, maiores são os investimentos na poupança e, para equilbrar esse valor investido, deveriam acontecer mais investimentos do setor produtivo e eles não acontecem repentinamente.
Como as possibilidades de investimento são limitadas, crescem o número de bens que não são vendidos, devido ao acúmulo de renda na poupança, que será maior que os gastos em bens e serviços.

Assim, as empresas fazem cortes na produção que aumentam o número de desempregados e causam o declínio da renda.

A solução proposta por Keynes é de que, assim que a poupança exceder os investimentos, o governo deve recolher o excedente das poupanças por meio de empréstimos e investir o dinheiro em projetos de utilidade social.

Mas, como o poder político e econômico está nas altas classes, essas quantias teriam que ser investidas em projetos que beneficiassem não as classes médias ou baixas, e sim, esse setor dominante, dono das grandes corporações, mesmo que não houvesse benefícios diretos para a sociedade.

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o que faltava nos EUA era mão-de-obra.
Para Joan Robinson e John Eatwell, em Introdução à economia, não há razões para se pensar que a política da Guerra Fria tenha sido adotada como uma medida contra as recessões. Entretanto, “os gastos em materiais bélicos forneceram argumentos fáceis e irrefutáveis para justificar a política de pleno emprego”. Além do que “os gastos militares vinham a ser um remédio para uma tendência à recessão na atividade empresarial e a um aumento do desemprego que seria politicamente prejudicial ao governo no poder”.

Os autores finalizam dizendo que os modernos equipamentos militares, ou mandar um homem à lua, são fatos que abrem caminho para descobertas científicas que nunca teriam sido realizadas. Entretanto, eles ressaltam que a argumentação é política, não tecnológica e que jamais “se dispõe tanto empenho de tão vastos recursos para pesquisa humanitária ou de utilidade. Se disponíveis, seria de esperar que a pesquisa dirigida para fins específicos tivesse mais êxito que os subprodutos não intencionais de outra coisa qualquer”.

Assim, fica explicado como recursos diversos são investidos em qualquer coisa, menos pesquisas e tecnologias que aprimorem as possibilidades de as pessoas terem uma vida melhor, com a garantia de que elas possam obter recursos mais igualitários para sua susbsistência.

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