segunda-feira, 22 de junho de 2009

A crise européia

Lívia Scatena

A crise econômica acaba de fazer mais uma vítima: a política européia. Nas recentes eleições para o Parlamento Europeu, a (ultra) direta venceu em larga escala. A altíssima taxa de abstenções (somente 43% do eleitorado foi às urnas) contribuiu muito para o resultado final, mas não pode ser colocada como a única e, muito menos, como a principal vilã.

Ao contrário do que muitos pensavam, o agravamento da crise e o consequente colapso do neoliberalismo não fizeram com que a população desse seus votos à esquerda. Ao que tudo indica os europeus não querem mesmo saber dos Estados nacionais interferindo na economia.

A recessão e o desemprego que assolam o velho continente foram determinantes para o resultado final das urnas. Os novos eleitos devem endurecer ainda mais (como assim prometeram) as leis de imigração, fazendo com que a xenofobia e a intolerância se espalhem ainda mais entre a população. Esta é a direita extremada que defende, inclusive, a dissolução da União Européia.

Saíram perdendo o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, cujo partido foi fortemente derrotado no pleito e que propunha no início da crise a estatização de bancos, e José Luis Zapatero, primeiro-ministro da Espanha, que deve ter seu partido derrotado nas próximas eleições em seu país.

Muito já se disse sobre esta crise e fala-se muito que o colapso é o de maiores proporções desde o crash da Bolsa de Nova York em 1929, quando milhões de norte-americanos foram subitamente jogados numa condição de precariedade e miséria impensável até a fatídica “quinta-feira negra”. Foi às vésperas da II Guerra Mundial que o desemprego começou a cessar e durante o seu curso observou-se escassez de mão-de-obra. Situação essa (de ofertas empregatícias) que se manteve ao fim da Guerra, em 1945, com os soldados voltando a ocupar postos civis de trabalho. Era o Estado que conduzia à população à oferta de emprego: o desemprego sumiria, segundo as ideias de John Keynes, graças à força do mercado.

Foi antes do grande conflito, porém que a Europa viu-se imersa nos ideias fascistas, nazistas e nacionalistas. Eles estão de volta, só que com nova roupagem. O velho continente acaba de dar um passo em direção ao passado.

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