sexta-feira, 19 de junho de 2009

Guerra é salvação?

“Guerra é salvação”, “poupar é um mau negócio”, “quando as coisas estão muito bem é sinal que tudo vai desmoronar”... essas são algumas particularidades essências para o bom funcionamento do sistema capitalista.

Embora a II Guerra Mundial seja apontada como um dos acontecimentos mais trágicos da história humana, ela representou a salvação da economia norte-americana. Antes da quebra das bolsas, que ficou conhecida como a “quinta-feira negra” de 24 de outubro de 1929, a economia dos EUA teve um crescimento até certo ponto assustador e irreal. A riqueza saltou de 86 milhões de dólares em 1900 para 361 bilhões em 1929.

Esse vertiginoso crescimento e essa queda “repentina” foi objeto de estudo de John Keynes em The general theory of employment, interest and Money. Keynes apontou uma série de falhas no antigo modelo e propôs importantes mudanças para frear a crise e alavancar a economia.

Segundo Keynes nem toda renda distribuída na sociedade é gasta na aquisição de bens e serviços, dessa forma o valor da produção não é totalmente liquidado. Esse vazamento do fluxo circular foi um dos motivos que explicam a crise de 29. No momento em que o dinheiro é poupado pelo trabalhador ele para de circular na sociedade e trava o crescimento econômico. Essa lacuna da poupança pode ser preenchida com os empréstimos bancários, mas como os EUA atravessavam um momento espetacular, a poupança superava os empréstimos e gerava esse vazamento. Na economia capitalista as decisões sobre a produção estão baseadas no princípio do lucro e não nas necessidades do homem, assim milhões de trabalhadores foram demitidos e milhares de empresas fecharam as portas.

O intervencionismo estatal pregado por Keynes foi adotado no New Deal do presidente Roosevelt. Mas foi a II Guerra Mundial o principal protagonista da retomada do crescimento econômico norte-americano e da sua consolidação como maior potência mundial. O motor de crescimento dos Estados Unidos foi e continua sendo sua indústria bélica. A reconstrução dos países destruídos também foi fator primordial para o desenvolvimento de outros setores de sua indústria.

A atual crise econômica que estamos atravessando reforça algumas das conclusões feitas por Keynes. Mais uma vez, após um enorme crescimento a bolha estourou e sem avisar ninguém a economia ruiu. Infelizmente (para o sistema capitalismo), ou felizmente para a (população mundial), no cenário político internacional uma guerra mundial não é viável. Em um mundo sem fronteiras e cada vez mais globalizado, essa guerra mundial resultaria na destruição de seu próprio “patrimônio”. Um hipotético ataque dos Estados Unidos a algum país da Europa teria, entre outras conseqüências. a destruição de empresas multinacionais americanas instaladas nesse país.

Apesar de uma guerra mundial não ser interessante, uma guerra pontual (contra determinado país ou alvo) nunca é demais para economias que sofrem forte influência da indústria bélica. O intervencionismo do Estado, solução para a crise de 29 já voltou a ser adotado, seja na salvação de bancos e grandes empresas, seja na construção de obras públicas para gerar empregos. Resta esperar e torcer para que possíveis guerras sejam evitadas e que outras soluções sejam discutidas.

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