sexta-feira, 19 de junho de 2009

Texto: "Perdedores Globais"

O artigo “Perdedores Globais” expõe a enorme transformação que a sociedade experimentou na transição da chamada Era da Guerra Fria para o período da Nova Ordem Mundial. A passagem de uma ordem bipolar para uma ordem ao mesmo tempo dispersa, porém ainda unipolar, com os EUA ocupando o posto de potência hegemônica.
O mundo cada vez mais globalizado que passou a se (des)organizar a partir da década de 80 era dinâmico, não podendo mais aceitar o conceito da dicotomia ocidente x oriente. A luta por zonas de influência e a anexação de territórios estratégicos não mais era interessante. Em lugar disso, era importante disseminar um grande mercado, único (daí a alcunha “global”).
Sim, um mercado único. Não interessavam mais os antigos pactos econômicos: a economia regionalizada era um entrave à globalização. Estes enclaves monetários deveriam ser rapidamente englobados pela nova economia mundial.
Logo as grandes corporações passaram a estender seus tentáculos sobre quase todos os países do mundo. Assumindo o papel de entidades supranacionais e superando o papel que tinham os governantes em importância, as juntas diretoras e os grandes executivos passaram a controlar boa parte dos destinos que a humanidade, em sua forma global e dinâmica, iria tomar.
Porém, quais são as conseqüências dessa nova organização do mundo? É necessário pensar (e isso não foi feito à época) que uma economia global não vai simplesmente reunir todos os povos da terra sob sua égide. Na realidade, o que se vê hoje é conseqüência do pensamento ingênuo do final da Guerra Fria: um imenso contingente populacional está fora desse admirável mundo novo e globalizado. Os países de Terceiro Mundo, que à época da Guerra Fria orbitavam as grandes potências de repente se viram desgarrados, sem seus antigos pilares. Desprovidos de seus antigos “mestres”, os países do Terceiro Mundo simplesmente não tinham condições de participar da globalização.
É evidente que não tardou para que o mundo tomasse consciência desse fato. Porém, sua correção era extremamente difícil e, de certo ponto de vista, não era interessante. Explica-se: para adequar os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento às novas regras do jogo se fazia necessário um investimento de grandes montantes que poderia não se pagar. Além disso, a entrada desses “novos jogadores” na partida poderia desestabilizar um jogo que já estava se desenvolvendo de uma maneira particular.
Evidentemente, nem todos assistiram a isso de maneira passiva. O artigo cita o brilhante exemplo de uma “guerra civil mundial”, em que os nacionalistas de outrora dão lugar aos “etnicistas” separatistas. O fundamentalismo religioso também assume papel decisivo nesse novo quadro, com destaque para o Islã radical no Oriente Médio e nos Bálcãs.
O mundo assistiu ainda à aurora das ONG’s, entidades que buscam suprir as demandas ignoradas pelos governos sem fins comerciais. Uma “nova forma de organização”, segundo o autor, que porém não detém recursos suficientes para tal. Além disso, segundo o autor estes grupos “ocupam-se apenas com as conseqüências negativas da globalizacão, sem questionar o sistema econômico como um todo”.
Na realidade, não são necessárias apenas ONG’s ou ataques ao sistema. Não é necessário uma nova cruzada revolucionária ou uma guerra. Em lugar disso, a crítica racional (o pensamento inconformista de que fala o autor) é que deve ser globalizada, juntamente com a economia.

Mario Dallari Bucci
06000464

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