A insanidade da globalização
Eligia Aquino Cesar
Durante muito tempo grande parte das nações mais desenvolvidas vivia – economicamente falando - de acordo com o provérbio: “Cada um por si e Deus por todos”. A prioridade era a infra-estrutura do país, o que o próprio lugar produzisse, o comércio externo vinha em segundo plano. A idéia de uma integração de mercados, que transformasse o mundo em uma grande “aldeia global” era algo impensável, e, por que não dizer, surreal. Com o passar dos anos, o que parecia inimaginável se concretizou, hoje vivemos em um mundo globalizado. E é sobre este tema que trata o texto “Perdedores Globais” de Robert Kurz.
Há algumas décadas seria praticamente impossível pensar que haveria um local que se submeteria a salários degradantes e que vários países ao redor do mundo consumiriam produtos feitos com a utilização dessa mão-de-obra miserável, sem nenhum remorso. Um processo de produção muito parecido com aquele mostrado no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin. Pois é, esse lugar existe e fabrica uma enorme quantidade de produtos, dos mais simples aos mais sofisticados, que trazem um selo muito conhecido identificando sua origem, “Made in China”. Este foi apenas um exemplo, entre vários outros, que poderia ser citado de um dos lados da globalização, a idéia de que “a repartição das funções produtivas não se acha mais concentrada num único lugar, mas difunde-se por vários países e continentes”, assim explicada por Kurz.
As grandes empresas passaram a investir mais
A grande insanidade da globalização é que, ao contrário do que pode parecer, ela não equipara os países economicamente, ao contrário, torna suas diferenças gritantes. E para evitar problemas maiores com aqueles que detêm o poder (leia-se têm o dinheiro), os “perdedores globais” são cada vez mais excluídos, dessa proposta de grande inclusão, tornando-se assim, cada vez mais marginalizados.
Algumas pessoas solitariamente, ou através de ONGs, se preocupam em encontrar soluções para o problema que vem se tornando a idéia de globalização, mas sem “questionar o sistema econômico como um todo”(Kurtz). Falta sensibilidade para perceber o óbvio: não dá para se propor a resolver um problema, se não se vai direto a raiz dele, ou como bem disse Kurz “o que nos falta, na verdade, é a globalização de uma nova crítica social”.
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