quinta-feira, 18 de junho de 2009

Uma (nem tão) nova desculpa para o problema de sempre

Diferentes jornais do Brasil estampam as mesmas notícias. Falências, prejuízos, demissões, compras e fusões, ajuda do governo... tudo resultado da chamada “crise mundial!”. A tal crise transformou-se na maior vilã da atualidade que precisa ser combatida. Mas afinal, quais as novidades dessa crise?
Quando estourou nos Estados Unidos, em 2008, alguns chegaram a pensar que seria apenas mais um problema nacional, local, sem grandes proporções. Enganaram-se os que esqueceram que são os EUA quem ditam as principais regras do comércio mundial. Uma crise nos EUA nunca é isolada.
No ano passado quase 65 mil pedidos de proteção à lei de falências foram feitos só nos EUA. Um crescimento de quase 50% se comparado com o ano anterior.
A solução proposta por Keynes para situações como essa foi a intervenção do Estado. Atuando como regulador da renda/poupança e investindo em obras de utilidade pública, com o cuidado para que não ampliassem a capacidade produtiva da economia e, também, que não reduzissem as oportunidades de investimento para o futuro. Basicamente um projeto para a construção de escolas, hospitais, parques entre outras. O que foi feito após a crise de 29 pelo presidente Roosevelt e seu New Deal.
No caso da crise atual, o Estado americano está intervindo de maneira diferente, junto a bancos e as próprias empresas. A General Motors, maior montadora de automóveis do país, pediu concordata há menos de um mês. Essa foi a segunda maior quebra da história do país agravada pela crise financeira, ficando atrás apenas do banco Lehman Brothers.
O governo americano se tornou sócio majoritário da empresa, com 60% das ações da companhia. Chegaram a especular sobre quais as intenções do governo norte-americano com essa ação, que não é nada além do que aparenta ser: uma grande jogada para investir dinheiro, reestruturar a empresa para devolvê-la ao capital privado. Por quê? Muitos interesses estão envolvidos. Entre eles evitar que a crise piore, denigra a imagem dos EUA, prejudicando seus tratados e comércios internacionais, assim com os danos econômicos e sociais que as demissões em massa causariam.
A intervenção visa salvar não só a GM, os bancos ou as empresas a beira da falência, mas o próprio capitalismo. A intervenção do Estado como moderador foi necessária, já que mais uma vez o sistema capitalista demonstrou sua fragilidade e deficiência.
A doutrina keynesiana surgiu em meio à Grande Depressão, quando os EUA passavam pela maior crise já vivida no país. Em meio às falências e desemprego, Keynes propôs um novo processo de lógica compensatória. Para ele não era possível um país ter a produção industrial em crescente escala sendo que, ao mesmo tempo, a sociedade poupa dinheiro. O capital precisa circular, seja em forma de compras, empréstimos, juros, empregos etc. Quanto maior o índice de poupança, menor a quantidade de dinheiro circulando, o que acarreta em menor consumo, fazendo com que a produção diminua, reduzindo os lucros das empresas, que passam a demitir, o que reduz ainda mais o capital circulante, entrando em um circulo vicioso e perigoso. A solução do economista inglês foi o equilíbrio. Exportação e importação devem estar em níveis próximos. A arrecadação de impostos deve financiar a aquisição de bens, também sendo utilizada para serviços sociais, equilibrando assim as despesas.
É esse equilíbrio que os EUA tanto têm buscado. Com o agravante que eles têm que conciliar ainda seus gastos bélicos e manutenção das tropas nas várias bases.

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