quarta-feira, 3 de junho de 2009

Capital orgânico X taxas de lucro

A partir do conceito de mais-valia, entendido como trabalho não-pago, Marx discute o funcionamento e os rumos da economia mundial.
Segundo ele, o capitalismo atual pode ser compreendido, em grande parte, através da formação do capital orgânico, uma união entre capital variável (força de trabalho), capital constante (investimento) e mais-valia (trabalho não-pago aos trabalhadores que gera, consequentemente, maior lucro aos empregadores). Este capital orgânico cria, por sua vez, uma determinada taxa de lucro, que vale tanto para empresas privadas quanto para as nações. No entanto, dada uma situação ideal, em que os salários dos trabalhadores são os mesmos e o investimento na produção é o mesmo, apenas atuando em ramos diferentes, essa taxa de lucro pode variar de acordo com alguns fatores. Por exemplo: sendo o grau de exploração dos trabalhadores o mesmo, a taxa de lucro pode variar de acordo com o tempo de rotação deste capital no mercado. Quanto mais tempo ele circula livremente, maior é a taxa de lucro. Justamente por isso, a poupança (que concentra uma grande quantidade de dinheiro acumulado e parado) ou o déficit na balança comercial de um país favorecem o declínio dessa taxa.
Além disso, a composição deste capital orgânico também influencia nas variações, para cima ou para baixo, da taxa de lucro. É o caso, por exemplo, de quando se considera investimentos de capital de igual valor em ramos industriais diferentes. Nesse caso, mobiliza-se uma quantidade desigual de força de trabalho (já que os produtos a serem fabricados são diferentes e requerem preparo igualmente distinto) e, portanto, uma taxa de mais-valia diferente. Já que a mais-valia indica a taxa de lucro do empregador, tem-se que o lucro em cada caso será distinto, para mais ou para menos. Ou seja, a taxa de lucro tende a ser diferente em cada caso, apesar do investimento de capital inicial ter sido o mesmo.
Dessa maneira, para conter uma possível queda dessa taxa de lucros, são estabelecidas algumas alternativas, como balança comercial favorável (vende-se e importa-se o mesmo valor em produtos), estímulo ao consumo e crédito, como forma de fazer o capital circular no mercado, aumento da exploração do trabalhador e diminuição dos salários, o que geraria aumento da mais-valia e, portanto, do lucro, e um mercado de ações forte e seguro. Mas, como escrito no próprio texto, estas considerações se dão em um contexto ideal, bem diferente da realidade, em que uma diferença gritante entre as taxas de lucro causaria o fim da era de produção capitalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário