Por Carlos Massarico
Confesso que ouvi o termo globalização na infância e minha primeira e inocente impressão foi boa. No início da adolescência, com a mente um pouco fechada, imaginei que essa palavra representasse algo bom, algo contra a xenobofia, pela liberdade de fronteiras. Quando um pouco mais maduro, percebi que isso significa exatamente o inverso de minha segunda impressão. Isso se deu comigo e se dará com tantos outros jovens que não são preparados para entender o real significado desse termo.
Essa minha pequena introdução ao tema foi a primeira coisa que me veio a cabeça. Pensei em eliminá-la do texto final, mas optei por compartilhar essa opinião. Posso dizer que Robert Kurz discute em “Perdedores Globais” coisas que todos nós já devemos saber: economicamente a ideia de nações já não existe mais. Todas as principais empresas do mundo são multinacionais. Quem diria inclusive as estatais. Nunca imaginei que até essas se arriscariam fora do país. Gabrielli pensou que não haveria problemas em um investimento na Bolívia, mas estava enganado.
Poderia me reter a essa discussão, que julgo ser interessante. As multinacionais conquistam territórios estrangeiros com facilidade, mas parecem não estar prontas para alguns revezes, como algum Evo Morales. Dependência é uma palavra que se multiplicou muito após a somatória da palavra globalização. Quantos desempregados o Brasil teria se todas as fábricas internacionais de automóveis, de remédios e de tantos outros ramos resolvessem voltar às origens? Desse modo, as empresas fazem com os países de terceiro mundo o que querem.
“É evidente que o resultado desse tipo de globalização não é nada auspicioso. Uma economia global limitada a uma minoria sempre mais restrita é incapaz de sobreviver. Se a concorrência globalizada torna 'não rentável' cada vez mais produção industrial e assola numa proporção ascendente a economia das regiões, segue-se logicamente que o capital mundial minimiza seu próprio raio de ação. A longo prazo, o capital não poderá insistir na acumulação sobre uma base tão restrita, dispersa por todo o mundo, do mesmo modo como não é possível dançar sobre uma tampinha de cerveja.” Faço minhas as palavras de Kurz. Esse é um soco no estômago dos que querem privatizar a todas as empresas brasileiras. Nem mesmo a Petrobras deveria figurar entre as mais estratégicas para o Governo. Deveríamos sim reprivatizar tudo o que se configura como bens básicos, como alimentos e remédios.
Enquanto o Brasil brinca de globalização com petróleo, algum dia alguma multinacional pode querer brincar de cortar fábricas de remédios, gêneros alimentícios, etc. “Perdedores globais” é um trabalho sobre a “recente” crise mundial, mas aos mais inteligentes, essa doença já foi constatada há muito tempo e só causou seu pior efeito agora.
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