Estamos diante de um futuro tenebroso, sem perspectivas para barrar essa evolução. Foi dessa forma que Robert Kurz avaliou as mudanças estruturais, decorrentes do processo de globalização dos mercados. No texto “Perdedores Globais” ele escancara a fragilidade do Estado diante das empresas multinacionais que comandam um mercado único e global. Nesse cenário, os conceitos da ciência econômica estão distorcidos e espelhados em velhas teorias. O espaço histórico das nações pertence ao passado. Livre da competência do Estado, de suas fronteiras e regulamentações, tudo passou a ser especulado e negociado a qualquer momento e em toda parte.
O desenvolvimento dos países e do bem estar social foram colocado em segundo plano, a busca desenfreada pelo lucro tomou conta. A exportação de mercadorias foi incrementada pela exportação de capital. Todos os componentes do processo produtivo e do sistema financeiro passaram a circular pelo globo. A partir dos anos 80, as políticas adotadas por Ronald Reagan e Margareth Thatcher realçaram a impotência do Estado e sua total conivência com os interesses das empresas multinacionais. A cartilha do sucesso neoliberal foi seguida a risca: "Produzir onde os salários são baixos, pesquisar onde as leis são generosas e auferir lucros onde os impostos são menores".
A globalização, sempre exaltada pela possibilidade de compra de produtos tecnológicos e por uma falsa “integração” mundial tem um preço final muito caro para grande parte da população mundial. As mudanças estruturais do seu sistema resultaram na proliferação do desemprego e a disseminação da pobreza. Fica cada vez mais acentuado o grande número de pessoas fora do jogo (que Kurz denomina como os “cuspidos”). Apesar de ignorados, o controle dessa massa de pessoas acarreta em gastos astronômicos com segurança. Kurz projeta uma “guerra civil mundial”, em todas os pontos do planeta como conseqüência dessa “economia da minoria”.
O resultado dessa crise econômica que assola o planeta tem ligações diretas com esse território livre controlado por interesses de empresas globais. Ciclos de crise fazem parte do modelo capitalista, infelizmente as alternativas são escassas e muitas vezes as opções de “mudança” aparecem enraizadas em medidas já adotadas no passado. A crise financeira que sacode o planeta certamente abrirá novos rumos para um reposicionamento dos países. O Estado volta ao papel de protagonista com um caráter salvador. A cada novo dia, bilhões de dólares dos cofres públicos são injetados para salvar grandes bancos e empresas privadas. O caso da General Motors é uma prova clara desse novo reposicionamento.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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