domingo, 29 de novembro de 2009

Tanta informação pra quê?

Por Bruna Zibellini - 06000491

Em 1998 a dupla de estudantes Larry Page e Sergey Brin lançou o Google. Três anos depois, em 2001, Jimmy Wales e Larry Sanger lançaram a Wikipedia. O que essas duas ferramentas têm em comum? São os maiores sites de busca do mundo. O Google é aquele em que você encontra tudo sobre tudo e todos. “Não sabe? Joga no Google.” A Wikipedia é uma “enciclopédia livre” como diz o próprio site. Isso significa que qualquer um pode modificar o seu conteúdo.

Tanto o Google como a Wikipedia “roubaram” o antigo formato de enciclopédia criada por Santo Isidoro no século VII. Segundo Olga Pombo, a internet é “a versão dessacralizada do esforço de contenção dos conhecimentos que, nessa primeira enciclopédia cristã, Santo Isidoro tinha conseguido arrancar às cinzas do império romano”. A autora ainda afirma: “Sabemos que o texto da enciclopédia é descontínuo, composto de entradas independentes organizadas segundo critérios de ordenação alfabéticos, temáticos ou disciplinares”, da mesma forma que esses sites atuam.

As enciclopédias (digitais ou não) estão organizadas de uma maneira que contém, além de elementos textuais, elemnetos visuais, como gravuras, desenhos, ilutrações, mapas, cartas, mapas, tabelas e fotografias, o que caracteriza a composição geométrica do hipertexto. Segundo Pombo, “o hipertexto é o dispositivo que permite conectar em rede as informações disponíveis em todos os servidores do mundo”, e isso potencializa a última ideia de enciclopédia. São muitas informações interligadas, e diferentemente de como fazíamos antigamente, que era só abrir aquela Larousse capa dura e procurar uma verbete, tudo está ao nosso alcance com apenas um click.

Em “Funes, o memorioso”, de Jorge Luís Borges, o jovem Irineu Funes pode ser usado como uma mtáfora ao hipertexto, já que, após o seu acidente, nunca mais esqueceu de mais nada. Mas ao mesmo tempo em que registrava tudo o que acontecia, não conseguia pensar por conta própria, não tinha a capacidade de organizar suas ideias e interpreté-las de uma maneira mais crítica, o mesmo que acontece com a intenet e seus hipertextos.

Os textos de Paulo Serra e Antonio Hohlfeldt, “Informação e sentido” e “O projeto da Enciclopédia e seus registros sobre o Jornalismo” respectivamente, mostram a enciclopédia como uma solidificação da memória coletiva. Segundo os autores, trata-se de um grande arquivo que registra a evolução e o desenvolimento ideológicos do homem. Toda essa informação está dispersa e é curioso tentar encontrar sua base, assim como ter discernimento para distinguir a importância das coisas e tentar não deixar cair no cunho individual. Será possível? O que é importante para mim, pode não ser nem um pouco importante para você.

Isso só mostra que a tecnologia despeja informações em cima de nós o tempo inteiro e não nos dá tempo de assimilá-las, tornando o conhecimento superficial e preguiço, pois quem há de querer se aprofundar em um tema se a Wikipedia já jogou ali o que um qualquer escreveu naquela página? Clicar nos primeiro links que o Google dá como opção (quase sempre a Wikipedia está entre as três primeiras) é muito mais fácil do que ir a uma biblioteca e pesquisar em livros. E viva a a boa memória e a falta de pensamentos próprios!

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