quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Desenvolvimento de Textos

Elizabete dos Santos

Em minha opinião os textos são muito complicados embora legais e para o nosso curso seja muito importante para nossa vida futura.
Como o narrador afirma no começo do texto “pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair”, tal afirmação nos leva a diversas reflexões sobre a forma de viver de Funes. Funes era uma verdadeira enciclopédia, Fato que se agrava quando o mesmo foi um personagem que sofreu um processo de transformação, ou seja, sua condição somente se deu por causa de um acidente, fazendo com que ele possuísse ciência da forma mais “trivial” de memória (aquela utilizada por todos nós).
O tempo, para ele, era uma realidade que aparecia em uníssono. Sua vivência do passado era tão real quanto o presente e estava atada a sua forma olhar o mundo. Tudo o que ele enxergava era imediatamente guardado ao mesmo tempo em que era projetado, formando na sua mente um caleidoscópio de imagens memoriais. Algo que para nós deveria ser tão semelhante entre si, a ponto de não nos importarmos (portanto esquecermos), para ele era inteiramente novo, para o memorioso havia diferença entre o cão de perfil das três e quatorze e o cão de frente das três e quatro. Seu tempo era uma grande massa que continha todo o tempo do mundo inserido na mesma, viver era reviver lembranças e Funes gastava dias inteiros lembrando de outros dias por completo.
A verdade para Funes era a sua existência, tão convicta da inefabilidade da sua memória ele acreditava que vivenciara tudo com muito mais detalhes do que todos e que isso o fazia de certa forma melhor do que os outros (o que pode ser atestado quando o mesmo se refere a sua vida antiga). Sua verdade estava nos detalhes. Sua vida era se perder nos pormenores da percepção e se deleitar com o avanço da umidade e com a forma das nuvens em um dia passado. Portanto, para ele viver era tão somente lembrar (incluindo em lembrar o ato de criar novas lembranças). Seu aprofundamento era tanto a ponto de reprovar nossa semiótica como imprecisa e demasiadamente generalista, para Funes deveria haver um sistema capaz de dar um signo único para cada coisa, cada expressão, observada em cada momento preciso. Seus fatos eram limitados a uma memorização sem um real raciocínio, apenas o total e completo registro de tudo que acontecera ausente de distinções ou afastamentos. Na verdade é difícil até mesmo dizer que ele era capaz de formular fatos visto que os mesmos já estavam impressos de forma automática em sua psicanálise.
Os enciclopedistas desejavam que sua obra se tornasse “um santuário onde os conhecimentos dos homens estivessem ao abrigo do tempo e das revoluções” e se diziam vaidosos por terem iniciado esse movimento, que procurava apresentar científica e racionalmente o seu conteúdo.
Os revolucionários da enciclopédia realizaram seu projeto em meados do século XVIII. No século XX houve grandes mudanças nesse assunto: entre os anos 40 e 60, a enciclopédia viveu uma época de desilusão; mas a partir dos anos 70 surgem obras inovadoras, como a Britannica, que propõem novas estruturas conceituais e apostam em modelos gráficos que visam favorecer a flutuação infinita das leituras possíveis.
Paralelamente a isso, desenvolve-se a Internet, rede mundial de computadores, e aprimoram-se duas de suas estruturas básicas: o hipertexto e o hiperlink. Com a criação da World Wide Web por Tim Bernes- Lee no final dos anos 80 e o início de sua popularização em 1991, essa ferramenta começou a trazer um novo significado para a enciclopédia.
Com a possibilidade infinita de acessos e novas descobertas, o hiperlink descaracterizou a enciclopédia como um lugar que concentra o saber, tornado o sistema acéfalo, de acordo com Olga Pombo. Anteriormente limitado numa coleção de livros, o saber humano foi pulverizado em centenas de milhares de servidores e agora trafega aos milhões de bytes a cada instante, ao redor do mundo.
A Wikipédia, enciclopédia virtual que permite na maioria dos seus verbetes atualizações de qualquer visitante é o sinal dessa nova era. Como pontos positivos, temos logicamente a possibilidade de divulgação do conhecimento e a produção de informações que antes poderiam ficar restritas a pequenos círculos de pessoas (como por exemplo, um escritor desconhecido que faz uma página sobre si mesmo).
Mas a atualização de conteúdo anárquica, que é totalmente democrática, tem suas afirmações: como garantir que as informações veiculadas, propositadamente ou não, estão incorretas Se nas enciclopédias impressas e editadas por importantes instituições sabemos que podemos confiar, o que dizer da credibilidade da Wikipédia?
São inúmeros os casos de vandalismo em páginas de assuntos ou pessoas polêmicas, que fizeram com que os responsáveis desse site bloqueassem seu conteúdo para edição. Por outro lado, a enciclopédia virtual traz fóruns de discussão sobre os verbetes, uma ferramenta interativa e extremamente positiva da Internet, algo impensável nas enciclopédias impressas.
A Wikipédia, de forma mais acentuada que outros sites traz links dentro de suas páginas que apontam para outros verbetes. Isso permite que o internauta fique “à deriva” e navegue para onde sua curiosidade desejar, mesmo que o objetivo inicial fosse tirar apenas uma dúvida. Tal idéia pode ser comprada com a obra inicial de d´Alembert e Diderot, que utilizavam a chamada referência cruzada: um verbete poderia remeter a outro, como por exemplo em jornal se referia a gazette. Essa vinculação conceitual antecipou os atuais hiperlinks, além de ter colaborado para que os enciclopedistas burlassem a censura da época.
Porém, além da questão da falta de credibilidade, outro problema assombra a Internet: o excesso de informação. A exemplo do conto Funes, o memorioso, de Jorge Luis Borges, que traz a história de um rapaz que tinha uma memória fotográfica, mas que não consegue organiza-la e seu conhecimento torna-se inútil e subutilizado, por estar decifrado.
Um dos defeitos da rede mundial de computadores é o mesmo de Funes, o excesso de informação e a pouca organização. Para Paulo Serra: “estamos cada vez mais num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido, em que à inflação da informação corresponde a uma deflação do sentido”.
Mesmo com sites de busca cada vez melhor estruturados e iniciativas como a Wikipédia, Paulo Serra afirma que a seleção da informação mais importante é ainda uma tarefa quase impossível na Internet, pois não temos idéia da sua dimensão. De fato, sites protegidos por senhas ou criptografados, além de outras páginas que surgem a cada segundo, tornam a Internet similar ao Universo: algo gigantesco e incompreensível, que tende ao infinito.

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