sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Quando o mais é menos

Certa vez li em algum lugar que o jornalista é o historiador do presente. Até concordo com essa afirmação, mas em partes. Pois, se ser historiador é documentar fatos sociais relevantes para a sociedade, o jornalista é sim um historiador do presente, mas não podemos deixar de considerar que o jornalista é mais que isso; ele escreve sobre o passado, sobre o presente e o futuro com base em pesquisas e em arquivos já existentes e ainda tem o dom de inter relacionar esses tempos de forma crítica. Bom, cheguei onde eu queria: arquivos já existentes.
Para falar a verdade eu pouco sei como os jornalistas do Estadão e da Folha de São Paulo (jornais que considero padrão de boa informação) trabalham, uma vez que nunca trabalhei com eles, mas sei que a checagem de informações e as pesquisas em arquivos desses meios de comunicação – que por sinal são imensos e bem organizados, sendo alguns até disponíveis na internet para uso de conhecimento específico – são essenciais e freqüentes, para não falar rotineiros, se o objetivo final da informação, além de informar o leitor, seja adquirir a confiança dele.
Desde o surgimento da internet o que está acontecendo é: a publicação frenética e sem aprofundamento de milhões de notícias está deixando o leitor esvaziado de sentido. Antes da Era da internet era comum pensar que mais informação gerava, necessariamente, um acréscimo de conhecimento, porém, hoje, podemos perceber um processo inverso em que o Deus Google é o centro do mundo. Esse site é, simplesmente, o mais acessado para se encontrar qualquer tipo de coisa: uma imagem, um outro site, uma matéria antiga, uma música, uma receita de bolo, um vídeo, ou seja, tudo está catalogado e linkado por meio do hipertexto, porém, nem tudo que aparece lá é verídico ou mais importante devido a posição que ocupa quando aparece os resultados da pesquisa solicitada.
Por meio dos estudos sobre o hipertexto foi possível criar um novo ciberespaço que “roubou” para si mais da metade dos leitores de jornal. Isso porque, os links criados pelo mundo virtual possibilitam a infinita abertura do texto. Por exemplo, quando você está lendo uma matéria sobre o balanço do que foi o blecaute na cidade de São Paulo, dentro desta mesma página existem diversos links que direcionam sua leitura a outras notícias relacionadas a esse mesmo assunto permitindo que você caminhe num labirinto de informações sem fim. Por outro lado, a mídia impressa impede esse dinamismo e essa quantidade de conteúdo reunido no mesmo espaço. Imagine se todo conteúdo divulgado na internet estivesse disponível em papel. É simplesmente impossível. Não dá nem para imaginar.
A maioria das revistas – se não for todas - produzem conteúdo tanto para a mídia impressa como também para a mídia virtual. Muitas vezes, quando estamos lendo uma notícia nos deparamos com um Box informativo indicando uma leitura na internet como se fosse um complemento do assunto tratado naquela página impressa. Essa é uma forma de atrair um número maior de leitores, pois se o assunto for interessante eles, com certeza, também acessarão o site para ler o complemento. O mesmo ocorre para quem entra no site para ler uma notícia e descobre que para isso tem que ser assinante daquela mídia.
Mais uma vez nos deparamos com um problemão. De um lado, as maravilhas de se ter acesso a todos os conteúdos infinitamente; e do outro, a banalização da informação proporcionada pela sobrecarga de notícias e a indiferenciação dos conteúdos veiculados. Antigamente, acredito que a produção desenfreada de conteúdo jornalístico foi iniciativa dos meios de comunicação, porém, hoje, já não penso assim, pois percebo que os leitores se acostumaram com esse ritmo e criaram uma curiosidade evanescente dentro de si exigindo uma gama de notícias que os satisfaça; e como o cérebro ainda não é um computador, muitas informações são imediatamente esquecidas para que outras possam ser absorvidas e assim sucessivamente.
Diante de alguns pontos abordados nas diferentes leituras indicadas para a formulação desse texto e dos comentários feitos em função de observações cotidianas considero que o assunto nunca irá se esgotar, pois a cada dia a mídia descobre uma nova maneira de divulgar informação. Como se não bastasse a internet acessada do PC (Personal Computer) ela agora pode ser acessada por meio dos celulares, mostrando que a divulgação de informação tende a ficar cada vez mais instantânea e atingindo um número muito maior de pessoas. Mas afinal, até quando nosso cérebro vai agüentar?

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