sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O conhecimento coletivo

Por Alexandre Santos de Morais Matrícula 06008626

Catalogar a memória é algo que sempre foi feito através dos anos por meio das enciclopédias, que reúnem e organizam o conhecimento. Atualmente os buscadores virtuais, diferente das tradicionais enciclopédias, parecem se alimentar ininterruptamente das bases de informação e devolver tudo isso da maneira que o internauta solicitar.
Sem dúvida, a internet desempenha um importante papel da democratização da informação e a ela são atribuídos novos sistemas de comunicação, que se desenvolvem independentemente da pauta social, ou seja, do jornalismo das empresas de comunicação. O Google, em especial, faz um trabalho de referenciar a informação tal como uma enciclopédia e parece agregar tudo o que, em volume, a memória humana sequer sonha suportar. Retirar o conhecimento do indivíduo e situá-lo fora dele. Seria possível tal feito? Não precisaremos mais usar a memória, pois ela estará catalogada na internet pronta para ser usada de acordo com a demanda?
Em Portugal, por exemplo, o site de buscas mais requisitado é o sapo.pt e não o Google, e isso se dá pelo fato de que as referências em língua portuguesa nos sites de pesquisa são geralmente brasileiras. O sapo.pt é um buscador mais voltado para o conteúdo de Portugal. Assim, podemos concluir que até a disponibilidade dos assuntos na internet, pelo Google ao menos, pressupõe uma organização política da informação.
O grande problema está na concentração de conhecimento em um só ponto, e no efeito colateral desta imensa difusão de informações que é justamente o seu excesso, que não emancipa o indivíduo, mas o desorienta. Em especial, a postura adotada diante da internet a desconsidera como uma ferramenta e lhe dá um caráter superior de detentora dos conhecimentos. Os jornais, que antes eram o meio predominante de informação, hoje estão em crise por não darem meios alternativos de resposta ou interação com o conteúdo.
A questão que envolve a internet e jornalismo se dá pela razão de que os meios digitais ultrapassam o controle do conteúdo antes exercido pela mídia. O que se dava em um movimento vertical, hoje se desenvolve horizontalmente. Assim, quem antes era consumidor, passa a ser produtor de conteúdo. E nesse aspecto o Hipertexto se encaixa como uma espécie de construção do saber que se mostra em aberto, pois mais pessoas podem adicionar os dados que julgarem necessários a aquele tipo de informação.
Neste sentido, como enciclopédia, a internet pode cumprir muito bem a missão de receber os saberes de diversas fontes e condensá-los, porém, não pode substituir a capacidade humana de contextualizar os saberes, que são dados a partir de uma assimilação. E é assim que surgem as dificuldades em lidar com o bombardeamento, uma vez que a velocidade das informações independem do ritmo de internalização da notícia.
Portanto, é necessário perceber que o acesso aos fatos por meio da informação, independente da forma com a qual ela se dá, é produto de uma segunda visão deste fato, passível à visão de quem a produziu. Logo, o princípio para se entender a criação de uma memória coletiva, como uma enciclopédia, e entender o Hipertexto, é conferir a estes o caráter de serem obras da individualidade.

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