sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Internet, democracia e participação política

Após 4 anos discutindo paradigmas da comunicação, mais especificamente do jornalismo. Se a chegada do rádio e, posteriormente, da televisão mudaram radicalmente a forma de se relacionar com os meios de comunicação e até mesmo a forma de se relacionar entre as pessoas; o advento da internet modificou isso mais profundamente, intensificando até o conceito de democracia no que tange a comunicação.

A web proporciona a seus usuários a possibilidade de tornar-se um provedor de informação capaz ainda de distribuir esse conteúdo por toda a rede. O resultado desse fenômeno é a criação de uma rede de interação nunca vista. E como todo o espaço midiático, a internet também se constitui como um importante lugar de conversação, onde se desdobram importantes discussões políticas. Ora, seria então a internet um meio favorável para o surgimento de condições para o debate público democrático?

O surgimento desse espaço democrático tão sonhado não depende somente de um meio de comunicação apropriado, mas acima de tudo do interesse dos cidadãos em participar dos debates políticos. Caso não haja essa disponibilidade em se apropriar dessa rede para a deliberação política, a internet ganha contornos tão unidimensionais quanto a televisão, por exemplo. O problema não reside, portanto, na capacidade dos meios, e sim na motivação da sociedade, que não é estimulada a desenvolver a conversação política.

A questão do acesso às tecnologias da comunicação também deve ser levada em consideração. O alto custo dos equipamentos eletrônicos de acesso à internet e o elevado índice de analfabetismo da população limitam o acesso de muitos ao espaço cibernético. Dessa forma, a internet tende a reforçar as desigualdades sociais, criando uma espécie de exclusão digital. Essa exclusão digital fica socialmente mais evidente quando assistimos a adoção de políticas públicas no formato digital, sem que haja uma inclusão das camadas economicamente menos favorecidas.

A participação do público em debates políticos possui uma ligação direta com a questão da educação. Fica claro que o limitado conhecimento dos cidadãos acerca de seus direitos e deveres se reflete drasticamente na apatia política e no desinteresse pelo debate público. Os meios de comunicação, por sua vez, não colaboram para suprir essa brecha no ensino de base, uma vez que os conteúdos jornalísticos preocupam-se apenas com a cobertura política factual.

Percebe-se atualmente um certo grupo de pessoas que está mais interessado naquilo que afeta diretamente as suas vidas. São os movimentos sociais e as associações voluntárias. Essas redes são parte fundamental para a promoção da politização, pois são capazes de implementar o debate político no tecido social.

Apesar do momento propício para o surgimento de uma esfera pública de deliberação política cibernética, a internet por si só não é capaz de promover nenhuma transformação efetiva. Um ambiente informativo, formado por cidadão críticos, só será possível se houver interesse discursivo efetivo. E esse interesse ainda parece distante ou muito pulverizado.

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