terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Excesso de informação

Fernanda Barrelo
Jornalismo Noturno

Conseguiríamos hoje viver sem as facilidades da internet? Qualquer dúvida que tenhamos, nós conseguimos tirar em apenas alguns segundo através do Google. Nos grandes portais da impressa, como o Globo.com, Terra, Uol entre outros, somos bombardeados a cada segundo por milhares de informações, sejam de esporte, política, novelas ou notícias do cotidiano, que nem sempre são relevantes.

Mas sabemos realmente o que fazer com elas? Ter acesso a todo tipo de informação traz cultura e conhecimento? O culto à cultura inútil e à informação descartável parece mesmo ter chegado a níveis antes impensados, tornando impossível, ainda segundo Paulo Serra, em seu texto “Informação e Sentido”, “distinguir o memorável e o desprezível”.

Ainda segundo o autor, “estamos num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido”. Pois de nada adianta ter todas essas notícias se não sabemos como aproveitá-las. É preciso ter uma visão crítica, saber ler e ver se aquilo é relevante, se é realmente pertinente e acrescenta algo na nossa vida.

Afinal a internet não é uma fonte totalmente segura e confiável, qualquer um pode escrever e deixar registrado ali a sua opinião, mas não necessariamente precisamos absorver e aceitar aquilo como verdade. Mais do que nunca, hoje precisamos ter discernimento. Podemos levantar aqui a discussão da inclusão digital, até que ponto ela é funcional, não basta colocar computadores com internet nas escolas públicas. E preciso educar as pessoas a utilizar essa ferramenta a seu favor. Dela obter informações para pesquisar, ter acesso ao que acontece no mundo e saber filtrar o que é desnecessário.

Olga Pombo, em seu texto “Enciclopédia e Hipertexto”, aborda o tema e o questiona a enciclopédia. A autora aponta como objetivos “Procurar perceber até que ponto o enciclopedismo encontra a sua quase realização, o seu quase cumprimento, no universo recriado das novas máquinas informáticas e da sua ambição totalizadora” e “Procurar também compreender em que medida o hipertexto abre novas possibilidades ao projecto enciclopedista”.

A partir desses questionamentos, Olga Pombo conclui que “ao contrário do que seria de supor, não assistimos a um abandono da idéia de totalidade do saber. O que há é a idéia de que essa totalidade não é de natureza aditiva, mas resulta da complexidade de articulações.”

A autora traz um outro ponto para a discussão: o da internet como fonte de pesquisa. Trazendo para o campo da internet, temos a Wikipédia, uma enciclopédia virtual livre, cuja elaboração é feita pelos próprios usuários, por isso não muito confiável, mas que traz em seu conteúdo as mais diversificadas definições sobre quaisquer assunto.

Ao meu ver, a relação entre os estudantes com as pesquisas escolares evoluiu muito com a internet. Muitos classificam estas pesquisas como “preguiçosas” e bem mais rasas do que as que eram oferecidas pelas grossas enciclopédias de capa dura. Lembro de quando era criança, de ficar horas sentada, copiando literalmente, a Barsa, sem me preocupar com o que estava escrito.

Hoje quando fazemos uma simples busca no Google aparecem milhares opções de fontes. Para selecionar qual será utilizada, temos que ler algumas delas e criar algum tipo de critério.

Se atualmente estamos sendo massacrados pelo excesso de informação e muitas vezes nem sabemos o que fazer com elas. Por outro lado, estamos sendo forçados a criar algum tipo seleção e análise, para conseguirmos absorver o conteúdo que realmente é necessário. Acredito que daqui para frente, seremos obrigados a pensar em novas soluções para organizar toda essas notícias.

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