terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Enciclopédia Virtual

Alessandra Natasha Costa Ramos (06008625)

Vivemos em meio a um turbilhão de imagens e informações que nos são lançadas diariamente por meio da internet e outras mídias. A profusão desse material e a rapidez como isso tem se imposto no cotidiano das pessoas põe em xeque até que ponto documentos palpáveis (livros, jornais, revistas, etc.) sobreviverão.

A internet, muito além de ser uma propulsora das mais variadas formas de comunicação, é uma ferramenta com forte viés democrático no sentido de possibilitar o acesso do que antes era restrito a quem pudesse pagar.

Antes da web, para se ter acesso ao conteúdo de jornais ou revistas, era preciso ir à banca comprar o seu, ou fazer a assinatura. Depois da internet, podemos acessar as notícias com um simples clicar do mouse. Obviamente que há uma parte reservada a quem compra o jornal, afinal de contas, se fosse completamente liberado, provavelmente as publicações impressas seriam extintas.

Neste contexto de teia virtual, em que as contribuições de conteúdo vêm por todos os lados, o Hipertexto —técnicas de reenvio virtual entre todos os conceitos ou todos os endereços conservados nos servidores de todo o mundo— se estabelece criando uma relação com a idéia de enciclopédia —organização da totalidade do patrimônio cognitivo de uma época.

Porém, não basta apenas evidenciar essa relação entre Hipertexto e Enciclopédia. Segundo Olga Pombo, é necessário compreender em que medida o hipertexto prolonga, ou menos, se articula com o projeto enciclopedista.

Devido ao crescimento e especialização dos conhecimentos que se verifica desde o século passado, a morte da enciclopédia havia sido anunciada. Porém, com o advento do hipertexto criado no universo das novas máquinas informáticas e da sua ambição totalizadora, esse quadro pode mudar, adquirindo moldes mais dinâmicos.

Hoje em dia, a rede é parâmetro da existência para muita gente. Quem hoje em dia não possui e-mail? Este endereço eletrônico foi incorporado às fichas de inscrição, assim como o telefone e o endereço residencial estão há muito ali. Os blogs se proliferaram numa velocidade incrível e tomou formas inimagináveis da época de sua criação até agora. De mero diário eletrônico, os blogs tem se configurado cada vez mais em verdadeiras fontes de informações especializadas. Jornalistas migraram para lá. O Twitter virou um fenômeno nos últimos tempos. Para quem não deseja dissertar sobre grandes assuntos, os 140 caracteres máximos do Twitter vem bem a calhar. MySpace, Orkut, Facebook... E por aí vai.

Em meio a tantos sites de relacionamento social, de compartilhamento e publicação de conteúdo, nunca a totalidade cognitiva de nosso tempo ficou tão difícil de se compreender em um único lugar engessado como um livro.

Com o alcance cada vez maior das ferramentas de busca para mapear tudo o que existe na rede e dessa colaboração multilateral, pode-se dizer que o hipertexto tem feito as vezes do que convencionou pensar como enciclopédia, no sentido de que ela tem captado os conteúdo cognitivos de seu tempo a partir da publicação das próprias pessoas desse universo físico e virtual, e tem disponibilizado isso para quem quiser acessar.

Nesse novo contexto, assim como diz Olga Pombo, o que se ganha é uma nova ideia de unidade. Não uma unidade hermética, mas uma unidade sempre inacabada, variada, aberta, descentrada de si própria, combinatória. Unidade esta amadurecida, capaz de conviver, com todas as derivas, aceitar todas as diferenças, deixar-se prolongar por todos os labirintos, arriscar-se a destinos imprevisíveis.

Seria o hipertexto capaz de estabelecer uma nova idéia de enciclopédia, uma em que as informações se renovassem e se atualizassem continuamente por meio da colaboração de diversas pessoas em qualquer parte do globo.

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