terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Do universo paralelo da internet e sua versão ilimitada

A internet é a reunião de informações sobre diversos assuntos, informações essas que acabam por confundir e em pouco esclarecer. Isso porque o problema não está especificamente no meio, a maior parte dele se encontra no usuário das informações encontradas, dados que poderiam ser transformados em conhecimento caso o leitor os soubesse usar.

Ainda falta ao homem a disciplina, a paciência e um minuto de escuridão diante à luz do conhecimento para refletir em meio a tantas janelas de informações. Se na enciclopédia de Diderot e D’Alembert a barreira a se superar era a sociedade, a Igreja e os conservadores, como é apresentado no texto do professor Antonio Hohlfeldt, “essa prática apresentava uma dupla novidade e desafio: de um lado quebrava o parâmetro das poucas obras anteriores, mas plenamente conhecidas e institucionalizadas”, hoje o entrave para o conhecimento é o próprio homem.

A mídia virtual não encontra tamanha censura como a enfrentada pelos iluministas, um controle que tentava suprimir formas intelectuais diferenciadas. A internet encontra facilidades por não ter uma legislação vigente que abrange todas suas formas e possibilidades. Esse novo mundo proposto pela geração tecnológica acaba se tornando uma faca de dois gumes, na qual o indivíduo deve saber aproveitar o que tem nas mãos, porém sem a segurança e garantia de autoridade e fonte que outrora havia sobre os meios do conhecimento.

O próprio Diderot colocou que “por todo lugar, o público tem grande disposição de acreditar naquilo que lhe é relatado contra aqueles que governam; mas esta disposição é a mesma nos países de liberdade e de servidão”.

Esse pensamento colocado sobre a ampla rede da web poderia trazer a idéia de que na verdade, o homem ainda tem a mesma disposição ao que lhe é divulgado, a amplitude da internet pode ser um fator agravante no que diz respeito ao acesso do homem a informações equivocadas, contudo não é fator determinante.

Afinal, da mesma forma que Diderot e D’Alembert lutaram para colocar sua obra a favor da sociedade, documentos os quais acabaram por se tornar institucionalizados e vendidos por editoras a preços estrondosos; a internet também conseguiu atingir o público com bem menos limitações por se tratar de um veiculo interessante ao mercado atual. Ela não vive uma luta contra a burocracia ou o governo. Os que vivem essa luta são os próprios burocratas e legisladores que tentam colocar em vigor uma forma de organizar a rede, algo distante de se concretizar.

As informações implantadas no hipertexto, nas publicações em blogs, sites e redes social são trabalho do próprio usuário, ele escreve conforme seu intuito e seu desejo e, diferente da enciclopédia original, não obedece a um ritmo ou padrão, nem busca superar um obstáculo da sociedade.

Trata-se de um mundo paralelo sem governantes e coordenadores. Não é uma várzea total, pois por ser exatamente um universo tão amplo é que, além de fugir ao controle de algo maior, também depende do homem a busca por informações nessa gama abrangente de dados, e então cabe a ele decidir a que se disporá ter acesso e ao seu filtro pessoal, no que ele irá acreditar e aceitar.

O assustador desse mundo paralelo é que a informação pode se perder na rede virtual, mas nunca sumir. Se antes a Igreja ou o governo podia queimar livros ou trancafiá-los em mosteiros, hoje não se pode apagar um link de forma definitiva, a informação estará sempre lá, mais distante, menos visível e menos acessível, porém existirá solidamente até onde se sabe desse universo virtual.

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