sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Informação sem sentido

Realizando a leitura dos textos usados em aula para a confecção deste trabalho, não pude deixar de lembrar, a todo momento, todo o tempo que demorei para começar, de fato, o trabalho. Durante este período, estive exposto a todo tipo de informação, vindo dos mais diversos meios, mas, principalmente, da Internet. Uma quantidade exponencial de informação, mas que não teve grande ajuda para o que estou escrevendo agora.

Se o projeto da enciclopédia mais recente, já modificado daquele objetivo original de reunir e organizar todas as informações produzidas, pretendia dar chaves de sentido e compressão à nossa contemporaneidade, a Internet, com toda a sua interatividade atual, tem quase uma característica utópica pretendida pelas primeiras enciclopédias, mas de um modo um tanto quanto mal sucedido.

Ao dar livre acesso à quase todo tipo de conteúdo possível e também à abertura de todo este conteúdo para a própria criação dos usuários, a Internet acaba sendo, ao mesmo tempo, mocinho e bandido. De fato, o livre acesso à informações que antes eram extremamente difíceis de se encontar é uma maravilha do mundo moderno. De outro lado, o usuário se vê diante de uma quantidade tão grandiosa de informações que, para filtrar aquilo que realmente interessa e tem valor, ele necessita de uma capacidade de seleção fora do humanamente possível. O que acontece, na maioria das vezes, é que não haja seleção alguma, e que tudo atinja o usuário de modo desconexo.

Não consigo me sentir muito otimista em relação a tal da interatividade e da “livre criação” no ambiente virtual. Mais uma vez aí, é exigida a filtragem e a seleção pelo usuário. O que se percebe é que, ao contrário da produção de um conteúdo cada vez mais emancipador (no caráter iluminista da coisa), a web interativa é muito mais uma fábrica de superexposição de egos, de um “querer se mostrar ao mundo”, bem mais freqüente do que a troca e a criação de idéias.

O jornalismo, que não podia ficar de fora dessa lógica, acaba repetindo o mesmo processo. Os grandes portais de notícia parecem levar a sério o lema all the news that’s fit to print, só que a enésima potência. As páginas iniciais destes sites são de uma hiperatividade esquizofrênica, com manchetes a respeito de qualquer coisa por todos os lados. Fica difícil perceber o que é que os editores decidiram que seria o mais importante a ser noticiado. As notícias se acumulam e se amontoam umas as outras, e esta quantidade não significa necessariamente uma produção em excesso de novo conteúdo. As histórias aparecem repetidas vezes, com acréscimos de detalhes, e todas elas, em todos os sites, parecem ter sido escritas pela mesma pessoa. Como tal caminho já foi traçado e ele não tem volta, o que se torna necessário cada vez mais é a capacidade de seleção e filtragem, que exige algo não muito em voga hoje em dia: escolher algumas coisas e abrir mão de muitas outras.

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