quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os maiores perdedores globais

A globalização é um fenômeno complexo. Muitos preferem olhar seus aspectos positivos: o crescente intercâmbio cultural entre as nações; as extensas redes de comunicações globais, que cada vez mais integram pessoas distantes e uma economia mundial mais dinâmica, que teoricamente facilitaria as relações comerciais entre os países.
Porém, não vivemos apenas das maravilhas da Internet. A mundialização da economia conseguiu aprofundar o abismo entre as classes sociais, que já era enorme no início dos anos 90. Mais do que isso: destruiu o chamado Estado do bem-estar social europeu, que beneficiava a maioria da população.
O fenômeno neoliberal rompeu as fronteiras dos países e permitiu que o capital internacional se movesse com ampla liberdade. E o Brasil teve inúmeras privatizações de setores estratégicos durante a década passada. É como se, triunfante da guerra fria, o capitalismo tivesse inaugurado sua fase mais moderna e perversa.
Quem são os maiores perdedores globais? Todos os brasileiros que sofreram (e ainda sofrem) com o péssimo serviço da espanhola Telefônica. Todo o dono de uma pequena locadora de bairro que foi à falência quando a americana Blockbuster instalou mais uma unidade. E todos aqueles que trabalhavam para o governo e perderam seus empregos após sua companhia ser vendida para estrangeiros.
Com a crise atual, fala-se na morte do neoliberalismo e numa possível desglobalização. É difícil prever que mundo irá emergir quando (e se) a bonança chegar. A volta dos Estados fortes, que injetam bilhões para salvar os bancos, como nos EUA? Ou uma retomada com novas problemas de hipotecas e especuladores brincando no cassino do mercado financeiro global? Seja qual for o cenário, uma coisa pode-se garantir: o status dos atuais perdedores globais pouco mudará.

2 comentários:

  1. Prezado Alan : Você tem noção do que era esperar 4 anos para ter uma linha telefônica ? É o modelo de deixar o Estado cuidar das Telecomunicações que você está defendendo ? Hoje você pode reclamar dos maus serviços e até entrar com uma ação contra a empresa privada, se não estiver satisfeito ou se sentir lesado. E antes ? O negócio era esperar pela capacidade limitada do Estado de investir nisso.
    AS privatizações podem ter sido feitas com vícios e desvios. Descubra-se as mamatas, prendam os culpados. Mas era a única maneira de sair da época do atraso e das comunicações elitistas do ponto de vista social.

    ResponderExcluir
  2. Eu sou contra o Estado neoliberal que gosta de privatizar tudo, como na época do FHC.
    Não concordo que era "a única maneira de sair da época do atraso e das comunicações elitistas do ponto de vista social".
    Elitista é a situação atual: as pessoas não têm mais linha telefônica porque a assinatura ficou muito cara. E muitas deixam de viajar na privatizada rodovia dos Imigrantes pois não podem pagar o pedágio.

    ResponderExcluir