quarta-feira, 8 de abril de 2009

Esqueça os números. Pense nas pessoas

Os perdedores globais são aqueles que se deixam levar pelos sentimentos de pânico causados pela crise financeira. Esqueça os números. Pense nas pessoas. Americanos vivendo em barracas. Economizando até no pão de cada dia. Vivendo como se fosse acontecer o apocalipse. Pense nos brasileiros, que se sentem um pouco afetados com a crise mas não entendem realmente o que está acontecendo. Pense na imprensa que divulga o medo, divulga o pessimismo, que diz o que ouve ou o que quer sem saber realmente a situação econômica do mundo. Pergunte-se: quem são os perdedores globais? Quem realmente tem algo a perder?

Trabalhadores, pessoas que batalham todos os dias, aqueles milionários que investem na bolsa, que tiram milhões da mão-de-obra explorada. Pense naqueles que se individam nas Casas Bahia. Que estão comprando carros porque a oferta está "boa". Esses são os perdedores globais.

Mas não importa quem são os perdedores e sim a porcentagem do que se perde. Um australiano que comprou uma mansão da proprietária herdeira do Banco Safra perdeu S$ 7 bilhões de seus US$ 14 bilhões. Quem perdeu realmente não perdeu dinheiro. Perdeu sustento, perdeu o trabalho, perdeu o o básico para se viverE quanto aos americanosperderam toda a estrutura de vida que acreditam ser o perfeito "American Way of Life". As ilusões perdidas da ordem mundial contemporânea nos torna perdedores, sem poder olhar para a frente, pensando em pacotes econômicos de estímulo e não de solução.Quando se é criança e se lava a louça para a mãe em troca de cinco reais, pensamos nos cinco reais e não nas louças limpas, no significado do nosso ato, da nossa ajuda. Isso é a crise econômica: a procura pela solução financeira. Um problema lunático e ilusório que estourou no mundo, quando os problemas sociais persistem. Sorte da África que não sofrerá com a crise? Quem não tem nada a perder não é um perdedor global. O perdedor aqui é quem não consegue pensar o que realmente está sendo perdido na humanidade.Não é dinheiro, ele não existe, é especulativo. É a vida, a solidariedade, o prazer de fazer pequenas coisas, de não se deixar levar pelo mundo louco do mercado de bolsas. Eu não fali com a crise, você não faliu, ALehman Brothers faliuNão somos nada, porque quem está perdendo são as grandes empresas. E o desespero deles são depositados em nós que nunca tivemos seus lucros. O que será de nós, que deixamos nos levar pela perda de milionários com paraísos fiscais? O que será de nós, que perdemos um mero emprego, quando muitos perdem milhões? Terá um pacote de estímulo para nós? Estímulo é dinheiro? Pois deveria ser outra coisa: deveria ser a opção, a possibilidade, a busca e a descoberta. Nada disso nos foi permitido, pois quem ganhou e quem perdeu foram os grandes. E se perdermos, ninguém perceberá.

Mariana Osone

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