domingo, 26 de abril de 2009

Alguém já me comprou!

A crise vem junto com o surgimento de qualquer coisa: uma teoria, um sistema político/econômico, uma pessoa. Agora, vai de um pensador, uma população ou um indivíduo querer ultrapassá-la e pensar sobre possíveis modos de solucioná-la ou “simplesmente” lidar com ela. Nada melhor do que uma crise para utilizarmos a imaginação, mas tudo o que é constante irrita e causa a estagnação.
Com o passar dos anos, as mudanças significativas (aquelas que transformam completamente a economia e o modo de viver de alguns países) se deram em espaços de tempo cada vez menores. Dessa forma, da década de 1980 para os dias de hoje, muita coisa já não é mais a mesma nas áreas de comunicação, transporte, tecnologia, mercado econômico etc.
Tudo pode ser comercializado, tudo mesmo. (Inclusive você pode vender e comprar amigos no Facebook e no Twitter, sites de relacionamento. Sim, fui comprada!)
A automatização do comércio foi resultado da globalização, na qual todos sabemos que quem acaba perdendo mais uma vez são os países mais dependentes e subdesenvolvidos com suas matérias-primas e mão-de-obra baratas. Enquanto isso, os países desenvolvidos juntam componentes de vários lugares do mundo numa “fábrica de montagem”, que também pode ser localizada em qualquer canto, e de lá, com a ajuda de grandes máquinas super potentes, milhares de produtos ficam prontos, no menor tempo possível, com a utilização de pouquíssimas pessoas. Ou seja, mais desemprego.
A combinação de fatores “favoráveis” faz com que não haja mais capital nacional dentro de uma empresa. Cada processo fica em um lugar (ou em lugar nenhum), pois muda freqüentemente. Quem oferecer a menor cobrança de impostos ganha, mas pode perder a qualquer momento num piscar de olhos.
Como controlar a economia de um país dessa forma? Não sei! E os efeitos ambientais e comercias também? Não faço a mínima idéia! O negócio ficou tão desenfreado que nem imagino uma solução. Se ela existe, deve ser tomada em conjunto, o mundo inteiro ao mesmo tempo. Se um país só ou um grupo deles tentar agir, saíra perdendo novamente.
O Estado vem deixando de realizar sua função no meio desse rolo todo. Indústrias estatais pouco lucrativas são privatizadas e assim “ganha-se” mais desemprego, menos capital fica no país, menos impostos são pagos.
As “zonas de influência” deram lugar às “de rentabilidade”, as quais se modificam numa velocidade incrível. Mais uma vez, quem perde? A maioria nem um pouco rica que tem seus direitos violentados todos os dias e que fica mais distante de uma palavra já desconhecida ou pouco citada: cidadania. A solução é reforçar o serviço militar para controlar a barbárie em formação. Que futuro belo podemos esperar!?
Um dia aprendi que observando as micro-políticas poderia ter uma noção de como o mundo está e, ao analisar algo simples, a faculdade, por exemplo, ou então o condomínio em que moro, percebi que as coisas andam mal. Não há mais coletivo, mas sim interesses particulares. Assim, a minoria com poder e dinheiro domina a maioria pobre e, para manter sua segurança, gasta fortunas e não investe em serviços básicos como saúde e educação, os quais seriam bem mais eficazes no "combate" à violência. Parece clichê, mas é o que acontece e não adianta negar.
Pode ser muita ingenuidade, mas um dia algo vai melhorar. Não é possível! Alguém vai perceber que se continuar do jeito que está não haverá mais compradores, nem mão-de-obra, nada. Para ter lucro deve existir o mínimo de condições necessárias e pobreza em quase todo o mundo não seria algo muito inteligente.
Uma vez perdedores, sempre perdedores. Ou essa é mais uma generalização perigosa?
Paula Cabral Gomes

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