quarta-feira, 29 de abril de 2009

Crise sem fim

O mundo vive a sua primeira crise econômica de escala verdadeiramente global. A não ser nações africanas que permanecem à margem da civilização moderna, não existe um único país que não tenha sido atingido com menor ou maior intensidade. As linhas de produção são interligadas como nunca. E isso vale também para o sistema financeiro. As ações de empresas brasileiras são compradas por investidores americanos, que vendem títulos do Tesouro dos Estados Unidos para o governo chinês. “Todos os componentes do processo produtivo e do sistema financeiro perambulam pelo globo”, como afirma o Robert Kurz. Quando uma peça importante desse sistema desaba (no caso atual, o sistema financeiro norte-americano), todos caem uns após os outros, como um dominó.
A velocidade da internet acelerou ainda mais a onda de contágio. Após 1929, levaram-se meses para que o crash de Wall Street alcançasse o resto do mundo. E boa parte do planeta, sob a esfera soviética, nem fazia parte do jogo de forças do capitalismo. Agora, os ex-socialistas do leste europeu, até então embriagados pelo prazer do consumo de massa, aparecem entre as grandes vítimas da mais profunda crise financeira mundial desde a Grande Depressão de 30.
O que pode acontecer depois dessa crise? A queda do muro de Berlim derrubou a ilusão com o socialismo real; agora, a nova crise derruba a ilusão do liberalismo total. Como indica Kurz, não explicitamente, fica a grande questão: que novo modelo social e econômico, que seja justo e não opressor, poderá acabar com a miséria material e humana na qual vive metade da população mundial? Essa crise permanece sem um fim à vista.

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