terça-feira, 14 de abril de 2009

A construção de uma crise globalizada

Por entre as frestas da aparente solidez do sistema neoliberal globalizado, é possível enxergar, na forma de crises, da pauperização humana e da depravação social, a fragilidade desse sistema. A ciência econômica em vigor está presa a conceitos velhos, baseados em um mercado no qual o comércio mundial estava renegado a segundo plano e não em pleno foco como na realidade atual. Desde a década de 80, esse mercado no qual ainda estão baseadas as teorias econômicas já sofreu inúmeras mutações. Desde então, quando falamos em teorias econômicas já não existem nações como as que se formaram em espaços geográficos e barreiras bem determinadas. Surgiu um novo mercado, único e global, no qual um produto já não provem de um país, mas de uma marca multinacional.

A crise está anunciada e não haverá vencedores.

Decorrem conseqüências estruturais desse processo de expansão do modo de produção capitalista: a disseminação da pobreza, o desemprego e o desrespeito aos direitos humanos são só alguns exemplos. Segundo Robert Kurz, no texto Perdedores Globais, essas conseqüências são, “sem dúvida, absurdas e perigosas. A economia privada avança todos os limites, mas o Estado permanece – de acordo com sua natureza – restrito às fronteiras territoriais. O Estado é cada vez menos o capitalista ideal (Marx), com voz de comando ativa sobre o estoque do capital nacional”.

Nesse esquema de economia global, os países posicionados como os maiores “perdedores globais” são as chamadas “economias em desenvolvimento” (termo que pode ser considerado um eufemismo na maioria dos casos que designa), que acabam por ser utilizados como fornecedores de mão de obra e recursos baratos. Afinal, o capital estrangeiro não tem como objetivo o desenvolvimento do país como um todo. Nessas nações, que, em geral, têm em comum governos instáveis, o Estado tende a perder ainda mais força política com os efeitos da globalização.

Especialmente nos últimos tempos, a produção comercial vem assolando em proporções aceleradas as economias regionais. E enquanto se discutem meios de driblar a crise, e pipocam na mídia reportagens com o título “Salve Seu Dinheiro”, a discussão sobre os fundamentos do desmoronamento desse sistema econômico fica renegada a último plano.

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