domingo, 31 de maio de 2009

O outro lado da globalização

Por Fernanda Barrelo

Já há alguns anos ouvimos com bastante freqüência o termo “globalização”. Existem os que a defendem pela facilidade de acesso à cultura e hábitos de outros países, pela troca de informações e conhecimentos específicos, acesso a produtos e a facilidade do comercio entre os mais diversos países. Contudo existe um outro grupo que é contrário à globalização por entender que isso descaracteriza cada país, podendo vir a perder a sua identidade e gera exploração dos menos desenvolvidos.

Analisando pelo ângulo econômico, pegando como base o texto “Perdedores Globais” de Roberto Kutz, desde o século XX as empresas deixaram de exportar apenas os seus produtos e passou a construir fábricas em outros países. Como no exemplo citado no texto, em que a Ford deixou apenas de exportar os seus automóveis dos Estados Unidos para a Alemanha, como construiu uma fábrica em território alemão, assim começou a surgir as multinacionais. Um produto de uma empresa americana hoje pode ser elaborado nos Estados Unidos, montada na China e vendido no Brasil.

Não só o mercado produtivo sofreu os efeitos da globalização, como especulativo também. Hoje um investidor da Inglaterra pode comprar ações no Japão. Segundo Kutz, desde a década de 1960, “Todos os componentes do processo produtivo e do sistema financeiro perambulam pelo globo”. Ainda segundo o autor, essas mudanças geraram reações de outros setores como o marketing, por exemplo, que também precisou se globalizar por conta da concorrência.
Mas o que há de ruim nisso tudo? Com essas novas tendências mundiais, a fidelidade à economia nacional se perde, e as estratégias de desenvolvimento econômico vão deixando de existir. As empresas distribuem as suas atividades nos locais que lhes são mais favoráveis, por exemplo, produzir suas peças onde os impostos e a mão-de-obra são mais baratos.

Com isso o Estado perde força, deixa de ser a voz de comando na economia, os produtos não pertencem mais a uma nação, mas sim a uma marca. Além das privatizações das empresas estatais, que muitas vezes são vendidas para empresas internacionais. “O capital estrangeiro não visa mais ao desenvolvimento do país como um todo e é preciso atraí-lo com a redução de impostos e outras regalias. O resultado, porém, é a diminuição do número de empregos, causada pela racionalização, a evasão dos lucros e a ausência de garantias para os investimentos.”, explica Kutz.

As populações pobres são, cada vez mais, deixadas de lado, já que não interessam para o capital estrangeiro por não renderem uma “boa mão-de-obra”, e nem possuírem o conhecimento. O Estado sem estes recursos internacionais pouco fazem por essa população carente, que cresce a cada dia. Para o autor de “Perdedores Globais”, esta globalização, que só favorece uma minoria, faz com globo caminhe para uma “guerra civil mundial”. Conclui o texto afirmando que “o que nos falta, na verdade, é a globalização de uma nova crítica social”.

Lógico que a globalização também trouxe fatores positivos, permite que pessoas que não tem a oportunidade de viajar para outros países, possam ver suas paisagens, conhecer a cultura, ter acesso a informações em tempo real de qualquer lugar do mundo e até mesmo consumir produtos de diversas regiões do planeta. Porém os efeitos colaterais deste mercado globalizado nos fazem questionar até que ponto estas facilidades são positivas ou não.

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