terça-feira, 12 de maio de 2009

A globalização que convém

Em tempos de crise questionar a ordem econômica que rege o planeta é quase uma premissa para sobreviver aos abalos sísmicos sociais.

Toda a estrutura econômica que criou a economia política precisa ser analisada minuciosamente, ao ponto de se descobrir uma saída possível, sem uma rígida transformação nas bases dessa economia mundial.

“A história da riqueza do homem” começa a ser mais diretamente ligada à vida de cada habitante da terra, no momento em que o Capitalismo é instaurado de maneira global, tornando mercados e pessoas coligadas de maneira obrigatória. Quem não tem acesso a internet e aos artefatos tecnológicos como o celular, está fora desse contexto globalizado. Será?

Para a sobrevivência do capital sempre foi necessário o Livre Comércio, com a formação de blocos econômicos como a União Européia e o Nafta. Neste caso, não se não se fala em Livre Mercado, com circulação indiscriminada de mão de obra, aspectos ligados diretamente à produção.

No trabalho, criam-se pólos tecnológicos globais e locais aonde são desenvolvidas as novas tecnologias e regiões periféricas em que se realiza a produção em massa (e braçal) desses produtos.

Outro aspecto relevante é em relação as multinacionais. Essas empresas transnacionais perderam qualquer ligação com o seu país de origem. Instalam-se procurando as menores taxas e as maiores vantagens em relação ao seu produto, sendo mais que comum vermos todo o capital financiado, circular em diversos países privilegiando a mão de obra barata e facilidades tributárias.

Enquanto “a economia privada avança todos os limites... o Estado permanece - de acordo com sua natureza- restrito às fronteiras territoriais”. Isso, como mostra Roberto Kurz tem reflexos catastróficos para o planeta.

De dezembro a fevereiro de 2009, 750 mil pessoas perderam seu emprego no Brasil, números pequenos se comparado aos 600 mil americanos desempregados só em janeiro deste ano.

A circulação de capital financeiro gerou uma dívida global de 600 trilhões de dólares, que corresponde a mais de 30 vezes a riqueza “material” do planeta (o PIB mundial é de aproximadamente 50 trilhões e dos EUA 13 tri).

Seguindo as leis do capitalismo pensado por Marx, para que o capital superior sobreviva (geração de riqueza baseada na circulação das mercadorias, típicas de países tecnologicamente desenvolvidos, como o Japão) é necessário que exista o capital inferior (trabalho massivo “braçal”, comum na China) em sintonia.

Traduzindo: O dinheiro precisa encontrar trabalho que o justifique como moeda (valor material). Não pode ser inventado (com especulações), pois só o trabalho (físico) gera riqueza.

Mas, durante anos, não foi isso que aconteceu. Emprestou-se dinheiro inexistente gerando dividas irracionais que agora ameaçam não só os bolsos, mas a paz do planeta.

As manifestações de “classes” se multiplicam a cada dia com o aumento do volume mundial de trabalhadores desempregados, que acabam sendo os principais “pagadores” da irresponsabilidade e ganância do setor privado e bancário.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) o número de desempregados em 2009 pode chegar a 50 milhões de trabalhadores. Estima-se que em 2008 o número total de trabalhadores na Canadá , França, Itália, Japão, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos é de 346 milhões (fonte: OCDE – Organização de Cooperação e desenvolvimento econômico).

Mais gente desempregada aumenta as possibilidades reais de mal estar social e problemas graves potencializados com a criminalidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário