quarta-feira, 13 de maio de 2009

Empresa Terra

Em letra miúdas, num cinza bem claro, lê-se na parte de baixo deste computador – aquele que fica sempre votada para mesa, para que ninguém tenha que ficar se deparando com aquilo – as seguintes frases: “designed in Califórnia” (desenhado/projetado na Califórnia); e logo em seguida “montado na China”. O que não está escrito ali é que boa parte das peças devem ser produzidas em algum outro país asiático, com matéria prima de outro estado latino americano e tecnologia japonesa, ou de algum pais mais desenvolvido, conhecido por seu primor tecnológico.

Hoje em dia não é mais novidade que vivemos num mundo totalmente globalizado. Tanto que ninguém parece se importar com essa lógica multinacional (ou seria algo mais para sem nação) onde grande corporações espalham seus serviços ou etapas de produção pelo globo sempre visando o menor custo e maior lucratividade. Tais empresas estão sempre procurando países com leis trabalhistas mais brandas, tributações mais suaves e fiscalizações menos severas.

Mais ainda, os mercados e as economias como um todo também se globaziaram. Hoje podemos investir em fundos no Japão, conseguir créditos nos EUA e aplicarmos ou gastá-los em bens alemães. O controle – se é que ainda dá para ver nisso – praticamente pulverizou-se em uma infinita gama de etapas, tornando-se quase que impossível.

Com isso, como bem posto por Robert Kurz, o Estado vem cada vez mais perdendo sua eficácia e poder como instituição reguladora. Na verdade, seus princípios basilares parecem existir apenas nas páginas das constituições e códigos legislativos, já que sua prática parece algumas dezenas de anos estagnada numa realidade totalmente ultrapassada, principalmente no que diz respeito a sua economia.

“O Estado é cada vez menos o "capitalista ideal" (Marx), com voz de comando ativa sobre o estoque de capital nacional”, escreveu Kurts para exemplificar que hoje o capital foge ao controle estatal, diminuindo as receitas públicas. O controle então estaria nas mãos das grandes empresas que espalham-se pelo mundo, investindo e dividindo suas áreas de produção por onde melhor lhes convém. Ao Estado resta apenas financiar os meios imprescindíveis para que o próprio desenvolvimento da globalização siga com força total.

É como se o mundo tivesse se tornado uma grande parque industrial, onde cada Estado ou país corresponde a um setor fabril, ficando responsável por alguma dos vários processos de produção envolvidos nessa indústria. Acontece que nem todos aqueles que se encontrem nesse “parque industrial” estão aptos a participar do sistema, sendo assim deixados de lado, como “perdedores globais” sem função ou validade nenhuma.

Mas isso não pode parecer evidente, caso contrário a iminência de um “piquete” ou “greve” não é nada desejável ao diretores e presidentes dessas “indústrias”. Com isso há um grande custo com segurança e uma séries de outros séricos que visam dar a esses perdedores condições o mais próximo (ainda que isso seja na prática bem distante) possível daqueles que convivem nos arredores da diretoria. E isso tem fim? Como tem fim?

A reposta ainda é incerta. Ainda mais quando são poucas as escolas e entidades midiáticas que percebem a real situação e suas causas. Talvez, antes de procurar uma saída para evolução destrutiva, fosse melhor levar o esclarecimento para um maior número de pessoas para deixar claro que a economia global não é mais aquela implantada pelo Estado muito menos as ensinadas e discutidas nas universidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário