sábado, 23 de maio de 2009

O beco sem saída

Por Elizabete dos Santos

Em um mundo globalizado, as causas que levam a uma crise econômica podem ser imensuráveis. Vários fatores podem culminar no colapso econômico de um país, a exemplo do que aconteceu na Rússia, no México, no Brasil e, mais recentemente, na Argentina. A estrutura política desses países também tem parcela de culpa no processo da crise, porque é capaz de desenvolver um sentimento de incerteza nos investidores e países parceiros, que, com medo de mudanças no cenário, acabam diminuindo as participações e atravancando os negócios.

Mas na atualidade, a constituição de nação se tornou fictícia. A noção de Estado soberano foi desaparecendo com o tempo e com o fortalecimento da globalização. É por isso que, com economias tão dependentes umas das outras, configura-se uma crise econômica mundial, na qual todos os países estão envolvidos, uns mais, outros menos, claro, mas sempre com perdas que podem ser incalculáveis.

Segundo Roberto Kurz, a ciência econômica encontra-se numa profunda crise. Crise que existe porque a economia nacional foi substituída pela globalizada, mas tanto a política quanto a ciência econômica permaneceram atreladas a seus velhos conceitos e teorias.

O cenário mudou de forma drástica quando a exportação de mercadorias foi incrementada pela exportação do capital. Investe-se em todo o globo, mas o capital deixa de integrar o estoque nacional. Ele se internacionalizou e não visa mais o desenvolvimento do país como um todo, apenas o lucro dos proprietários das multinacionais.

Estamos num beco sem saída. O Estado que, em tese, deve prezar pela vida digna de sua população, não pode interferir no mercado nem assegurar os direitos dos trabalhadores, porque, se o fizer, perderá capital das empresas. Restrito às fronteiras territoriais e políticas, o Estado ainda precisa atrair capital com a redução de impostos, mão de obra barata e outras regalias e com isso, como diz Kurz, é cada vez menos o “capitalista ideal”. É neste sentido que as empresas procuram “produzir onde os salários são baixos, pesquisar onde as leis são generosas e auferir lucros onde os impostos são menores”.

Na verdade o mercado mundial devassou estranhamente da economia nacional, a exportação de mercadorias foi incrementada pela exportação do capital. No meu ponto de vista, não se trata de exportação ou importação de bens e consumo ou investimentos entre diversas economias nacionais, mas de uma nova divisão de trabalho dentro das próprias empresas multinacionais, a repartição das funções produtivas não se acha mais concentradas num único lugar, mas difunde por vários países e continentes.

O mercado consumidor também teve de expandir por todo o mundo, pois quanto maiores os investimentos e lucro em tecnologia avançada e quanto maior é racionalização, e maior é o desemprego e tanto menor o valor da força de trabalho e do poder de compra nacional. Zonas de livre comerciam como a comunidade européia ou o mercosul, só tendem a gravar o problema, pois geralmente, aceleram a desintegração da economia nacional e promovem a união multinacional de pequenos países de desenvolvimentos.

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