sábado, 13 de junho de 2009

A falsa imagem da globalização como um degrau para o progresso

A globalização é uma palavra que invadiu discursos progressistas e desenvolvimentistas defensores da implementação de uma “nova ordem”, de superação do passado. Os caros custos sociais e ambientais se justificam pela necessidade de mudança, da criação de condições para a adaptação aos requerimentos do capital internacional.

Em meados dos anos 1960 tem inicío o esgotamento do esquema de produção econômica fordista. Os mecanismos e instituições que permitiam que se atenuassem as contradições e desequilíbrios do sisema vigente passaram a ser obstáculos ao seu crescimento: a organização da produção, o pacto entre capital e trabalho, - com salarios, segurança e condições de trabalho - orquestradas pelas organizações sindicais e pela interferencia do Estado keynesiano de bem-estar-social. Tudo isso foi sustentado pelo modelo de consumo de massas, da generalização de um estilo de vida que transpassa a idéia de que há um compromisso coletivo, de estarem todos no mesmo barco, de tal forma que o crescimento da riqueza seria positivo para todos: a idéia de que é preciso primeiro crescer o bolo para depois reparti-lo.

Quando estes fatores passam a impedir um crescimento maior, torna-se necessário mudar algumas regras do jogo, para que se possa seguir alcançando aqueles mesmos objetivos: garantir níveis máximos de crescimento e acumulação. A regulamentação e a elevação dos custos sociais de reprodução da força de trabalho levam a uma crise fiscal do Estado, frente à crescente mudialização do capital. Isso faz com que haja uma queda nos níveis de produtividade, e uma consequente diminuição nas taxas de rentabilidade, com a deterioração do ritmo de crescimento e acumulação do capital.

A mundialização da economia passa a ser a mudança necessária para a recuperação destes ritmos de crescimento. Neste sentido, a marginalização de algumas regiões, em detrimento de crescimento de outras faz parte da estratégia global. Há a passagem de uma estrutura vertical, do fordismo, para um modo de produção horizontal, mas que não deve ser confundido com uma dissolução do poder e do controle do capital, que são, ao contrário, reforçados com a ajuda das novas teconologias de informaçao e comunicação. Esta nova estrutura vem com uma concentração ainda maior do capital, que passa a internalizar as externalidades, filiarizando as atividades periféricas, transformando custos fixos em variáveis ajustáveis com maior facilidade a partir de um maior ou menor grau de subcontratações em regiões periféricas e satélites.

Fazem parte deste sistema também os investimentos diretos para as fusões estratégicas, com a penetração em mercados externos para a exclusão dos concorrentes em escala mundial. Estas fusões têm um papel chave no enfrentamento da crise uma vez que além das motivações de caráter estratégico frente ao mercado global, também permitem a redução de custos e a recionalização da produção em mercados periféricos. Com a criação destas grandes empresas transnacionais outro fator importante é o controle que elas exercem sobre a suas cadeias de valor, que se tornam dependentes, pois tem sua produação centralizada. Com isso contribuem para a flexibilizar custos fixos em variáveis.

Com a globalização a ideologia imposta foi a de que os mercados regionais teriam finalmente a oportunidade de se integrar às vias do desenvolvimento, caso soubessem aproveitar as oportunidades. A idéia de que a globalização não diferencia territorios foi articulada neste sentido, fazendo com que a competitividade se tornasse agora uma questão territorial, e permitindo com que os mercados regionais passassem por cima de qualquer obstáculo social ou ambiental para aumentar a sua competitividade e garantir a entrada do capital estrangeiro. Esta organização competitiva dos espaços condiciona uma maior acumulação de capital nas empresas e territórios centrais, que passam a usufruir de inúmeros benefícios e de acúmulo de produtividade e eficácia entre os atores das cadeias produtivas. Criam-se regiões com cencetração de atividades, sempre reforçando a marginalização das regiões que não de enquadrem nesta lógica competitiva.

O mercado alcançou status de grande juiz da economia mundial, sem qualquer tipo de trava ou regulação, tendo subordinado governos locais à lógica da eficácia econômica. Desta ocupação global, apenas uma pequena parte se torna ganhadora e a grande maioria sai como perdedores globais. E então, se percebe que já não estam (ou nunca estiveram) todos no mesmo barco, e que não existe uma relaçao entre progresso econômico e progresso social. Vive-se diante do grande fracasso do trabalho da mão inivísivel como conciliadora de interesses. O bolo cresceu, mas não foi repartido.

Dentre os saldos da globalização estão: a ilegibilidade, como caracteristica associada a esta nova fase do capitalismo, na qual há uma enorme dificuldade de leitura e compreensão do modelo, junto a uma grande densidade de fluxo de informação que dificultam a interpretação da realidade a identificação das posições dos agentes. Hipermobilidade, com uma integração de fluxos dificultando a localização e responabilização dos problemas. Mercatilização do tempo e do espaço e criação de uma economia intangivel, que tem limites traçados pelo virtualidade, mas que não corresponde a uma esfera real e limitada de recursos materiais.

B. Sarue

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