sábado, 13 de junho de 2009

Escolhas

O capitalismo cava sua própria sepultura. Esta afirmação pode parecer no mínimo radical, mas a história indica o contrário. Se Marx e Keynes concordavam a respeito deste aspecto, cada um propunha uma solução distinta para recuperar economias à beira do colapso.

Para Keynes, a economia funciona seguindo um ciclo racional e sistemático que ele denomina "fluxo circular". Segundo ele, o fluxo circular depende de transações equivalentes entre os gastos dos consumidores e a produção industrial. Em uma situação ideal, esta equação é infalível e mantém equilíbrio constante. Porém, o fluxo circular, na prática, sofre os chamados "vazamentos". As alterações nesta equações são causadas por fatores externos que Keynes separa em três grupos: a poupança do consumidor, a saída de moeda com o consumo de produtos importados e o pagamento de impostos.

Keynes defende que, para diminuir o impacto dos vazamentos no fluxo circular, o Estado deva atuar como regulador das atividades econômicas. Para ele, ações positivas incluiriam a construção de obras públicas que beneficiem um número máximo possível de pessoas e promovam a inclusão e a igualdade social.

Contudo, a teoria keynesiana é realista em um aspecto: investimentos com maior potencial para reverter uma situação de crise não precisam necessariamente ter um propósito nobre. Longe disso. A Segunda Guerra Mundial é reflexo disso. Investimentos na indústria bélica salvaram a economia norte-americana da crise mais profunda já vista até então.

Resta avaliar o cenário atual. Os Estados Unidos vêem-se novamente em um beco sem saída. O Estado Neoliberal perdeu seu poder e nada pode fazer para salvar o mundo financeiro de um tombo ainda maior que o acontecido em 1929.

Depois de deixar o orgulho de lado e engolir as críticas antes proferidas à exaustão sobre os perigos de um Estado com tendências socialistas, o governo norte-americano deu o braço a torcer. Fez valer seu poder soberano e atou a mão invisível do mercado. Mas uma ressalva é essencial! A intervenção junto a bancos prestes a pedir concordata não é uma ação comparável à estatização impiedosa e arbitrária dos insanos líderes que insistem em manter vivo o dinossauro do comunismo! A intervenção tem caráter salvador, uma quase oportunidade de redenção não só para os bancos que viram sua liquidez evaporar, mas principalmente para manter intacto o orgulho de cada cidadão americano, que não ficará mais à mercê do temperamental livre mercado.

Se a intervenção financeira do Estado é o primeiro passo para sanar mais uma vez os problemas da economia mundial, resta saber se os episódios seguintes desta história um pouco repetitiva seguirão um roteiro conhecido. Uma grande tragédia será necessária para estimular o Estado a fazer investimentos de retorno rápido e eficiente? Em 1929, foi preciso alimentar uma guerra para salvar o mundo do monstro do mercado. Em 2009, o que será feito?

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