Por Renata Puccinelli
Neste blog o texto de Robert Kurz denominado "O Fim da Economia Nacional" já foi muito bem debatido, com opiniões como:
- "O mundo atual não é muito diferente do que aquele de mil anos atrás. Continuamos a poluir o ambiente, pessoas se reproduzem da mesma maneira e vivemos uma cultura global";
- "Não há apenas um vilão no contexto mundial e a implicação é que todos acabam sofrendo com tal situação";
- "A palavra de ordem atual é globalizar, o mercado, o dinheiro, o trabalho. As questões que estão em jogo são duas: o fim da pátria única, as empresas multinacionais engolindo o nacionalismo, aqueles Estados nacionais, do passado, dotados de sistemas jurídicos nacionais, infra-estrutura própria e o tão conhecido “mercado externo”, que ficou no passado".
E por ai vai.
Por já ter sido muito debatido, não quero ficar presa somente ao texto de Kurz, sobre suas definições de ciência econômica e sua maneira de explicar como chegamos a crise.
Quero falar do que senti falto ao lê-lo. Um assunto que é deixado de lado pelos economistas, mas está muito ligado com uma possível retomada da economia: o meio ambiente. Qualquer pessoa me chamaria de ecochata ou afins, mas acho muito importante pensar em meio ambiente associada com a retomada da economia. Pois no momento que estamos, digamos que no limite que a natureza aguenta, qualquer passo errado pode, literalmente, não ter volta.
Por isso acredito que mais difícil do que achar a solução para sair desce ciclo viciosa da crise, é achar a solução para desenvolver sem afetar o meio ambiente.
Por mais sustentável que seja, não há como ampliar ferrovias sem derrubar florestas, criar moradias sem desmatar, ampliar fontes de energia sem mexer com o meio ambiente.
Do que adianta criar um mercado que consiga absorver os trabalhadores, deixe de ter desemprego e dê poder de compras para eles se uma consciência ambiental não está sendo criada. De que adianta ter o dinheiro se no futuro não teremos mais a comida e a água?
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva comentou esse assunto em entrevista cedida a Revista Época em que critica o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Brasil, Mangabeira Unger, dizendo que o desenvolvimento deve acontecer no presente, o meio ambiente a gente se preocupa depois.
O que esperar de uma população se o próprio ministro incentiva a não pensar na natureza?
Por exemplo, se forem criadas milhares de quilômetros de metro, como é o necessário para uma cidade como São Paulo, muitos empregos seriam criados, com um aumento de renda da população e uma diminuição da poluição do ar. Mas o Brasil tem energia para tudo isso? Ou melhor teriam como criar uma forma limpa e segura de energia ( e não as hidroelétricas que desmatam e mudam a biodiversidade dos lugares)?
Outro exemplo. Os Estados Unidos querem retomar a produção industrial do nível que tinha antes de 2007, para criar novos empregos e "distribuir renda". Mas em nenhum momento está sendo discutido que aumentando a produção, se aumenta a poluição, que cresce o buraco da camada de ozônio e faz a terra sofrer com desastres, como o de Nova Orleans (EUA). Ou seja estão jogando novamente contra eles mesmos.
Por esses exemplos que acredito que uma discussão sobre as possíveis saídas da crise tem que envolver o meio ambiente. Ele não é mais a periferia dos assuntos, como alguns ministros do Brasil falam, mas é tão importante como o câmbio, importação/exportação e a bolsa de valores.
Impossível não ter ninguém nesse mundo que consiga achar uma solução. Mas pelo o pouco que conheço eles não devem querer.
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