terça-feira, 16 de junho de 2009

Uma Crise de (In)Consciência

A crise financeira americana, e que tornou-se internacional, não é somente um problema de liquidez, nem somente um problema especulativo, mas de consciência. Com a falta de credibilidade das instituições financeiras, que não exercem nenhum controle de fato sobre a economia, não há liberação de crédito para os consumidores. E se os consumidores não podem consumir por falta de grana, bem, existe um problema grande nessa dita cultura de consumo, certo?

Keynes já sabia que o mercado se sustenta pela rotatividade intensa e infinita do capital, e que se houver um problema neste esquema de circulação eterna de dinheiro, todo o sistema quebra. Portanto fizeram sentido as injeções monumentais de dinheiro (público diga-se de passagem) nas empresas privadas que faziam girar toda a roda da fortuna. Se quebrassem, o barco afundava um pouco mais rápido (não sejamos ingênuos, o barco todo já está afundando). Lentamente tudo volta a funcionar, mas as rachaduras na estrutura ficaram muito visíveis. Porém, a liquidez está gradativamente sendo restabelecida.

As estatizações e medidas de controle do mercado financeiro que foram e ainda estão sendo tomadas, seja pelo governo dos E.U.A. seja por terras tupiniquins poderiam significar que existe um problema com a “mão invisível” de Adam Smith, suposta regente da economia. Talvez tenham descoberto que ela simplesmente não existe! Sendo assim, poderíamos inferir aqui que alguns chefes de estado e presidentes de corporações reconheceram que não é viável manter a economia mundial refém da especulação financeira. Para manter sólidas as fundações e a liquidez estável, é necessário ao menos algum controle e planejamento (parece óbvio, mas nem todo mundo acha).

Historicamente aprendemos que as crises concentram capital, e que no século XX cresceu em progressão geométrica a desigualdade social. Nos momentos de crise, todos pagamos, até trabalhando de graça, como pedido hoje pela British Airways a seus funcionários. Nos contentamos com um aumento salarial de 2% nos tempos de bonança (talvez até dê pra comprar aquela televisão nova, em 12 vezes, é claro), enquanto os lucros dos altos executivos subiram 200%.

Se o capital se concentra, então poucos consomem, portanto a circulação cai, e todos sabemos o resto. A única explicação lógica para este comportamento por parte dos grandes executivos, empresas, governos e responsáveis pelo sistema econômico atual é que não tem consciência do que estão fazendo. Estão sabotando a si mesmos! Deveriam ser afastados! Mas e se souberem o que estão fazendo? A situação fica ainda mais grave: pobreza, desigualdade, inanição, morte... e intencional. Agora, caro leitor, prefere acreditar que estes dirigentes da economia são ingênuos e mal esclarecidos ou somente gananciosos e cruéis a ponto de cometerem barbáries por um punhado de dólares?

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