Robert Kurz faz no texto “Perdedores Globais” uma análise onde diz que a ciência política está em crise. O texto do ano de 1997 alerta para o fato que o capitalismo mundial mudou rapidamente no século XX, mas infelizmente os métodos e soluções para os mesmos problemas continuam iguais. Com a política de noeliberalismo, os Estados não têm autonomia perante as multinacionais, mas é a eles que essas empresas recorrem quando crises como essa acontecem.
Segundo o autor, a mentalidade da exportação é imposta por toda a parte, e a integração de pessoas no mercado fica cada vez mais difícil. A proporção de pobreza nos países está se tornando cada vez mais igual, enquanto a riqueza se divide em minúsculas partes da população.
Não há precedentes para essa crise de 2008, que assola a economia mundial: por um lado as receitas públicas são menores pelo fato do capital ser globalizado, e também pelo Estado não ter esse controle; em contradição a isso está o fato de o mundo globalizado necessitar de uma infra-estrutura cada vez melhor e atualizada como portos, aeroportos e etc. para receber seus produtos, e esperar que o Estado proporcione o necessário.
A partir do momento em que o capital começou a ser exportado, as empresas começaram a construir bases em outros países, surgindo assim as multinacionais. Não há mais a fidelidade à economia nacional. O papel do Estado não é mais de chefe da economia, e sim de abrir caminho para as suas empresas. A velha "economia política" transforma-se em "política econômica".
Como diz o texto, quanto maior os investimentos em tecnologia avançada e quanto maior a racionalização por meio da ‘lean production’, tanto maior é o desemprego e tanto menor a força de trabalho e do poder de compra nacional. Onde entra o social? Onde estão previstos os problemas? Onde estão as soluções? Para Kurz, embora nossas idéias sociais e nossos "sentimentos políticos" ainda façam referência ao espaço histórico das nações essa é uma realidade que pertence ao passado - pelo menos em termos econômicos.
Enquanto isso os Estados abandonam cada vez mais pessoas à sua própria sorte por falta de recursos financeiros, e as autoridades tentam controlar na base da força militar o descaso social, a miséria, a fome, o frio... Perdedores globais somos nós, que deixamos acontecer.
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